Os primeiros relatos do surfe dizem que este foi introduzido no Havaí pelo rei polinésio Tahíto. Em 1777, o explorador James Cook informou ter visto homens deslizando em pranchas e canoas de madeira nas ondas do Taiti, na Polinésia Francesa, e de Oahu, no Havaí, e observou que o esporte parecia mais recreativo que competitivo. No entanto, missionários protestantes fizeram forte pressão contra o surfe por causa das apostas nele envolvidas. Praticamente banido das ilhas do Pacífico, o reconhecimento mundial veio com o nadador havaiano Duke Paoa Kahanamoku que, ao vencer os Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo, disse ser surfista e passou a ser o maior divulgador do esporte no mundo. A partir de então, o surfe ganhou fama e, com isso, para a sua prática, popularizaram-se muitas praias e houve um notável aperfeiçoamento no material utilizado.

À época em que deslizar nas ondas era uma competição reservada aos nobres do Havaí e de outras ilhas do Pacífico, o surfe era praticado em lugares pouco habitados e as pranchas fabricadas segundo um ritual sagrado e com respeito à natureza. No entanto, com o passar do tempo, a intervenção humana em muitas praias foi motivo de poluição e depredação. E, as pranchas, as roupas apropriadas e os acessórios necessários passaram a ser feitos com materiais tóxicos e não degradáveis. Foi, então, pensando em preservação e em sustentabilidade que uma série de medidas começaram a ser tomadas por surfistas de todo o mundo.

No Brasil, com o objetivo de diminuir as agressões que as praias vinham sofrendo no litoral paulista, nasceu a Ecosurfi, uma organização não governamental idealizada e fundada por surfistas. Hoje, executa e organiza eventos, campanhas educativas, exposições, palestras, cursos e seminários em prol do meio ambiente e de práticas ecológicas.

Com a proposta de interação da comunidade e de mobilização dos surfistas quanto ao seu papel e às suas responsabilidades neste contexto de mudanças ambientais e na contrução de sociedades sustentáveis, a Ecosurfi lançou o Programa Surf Sustentável. Para isso, foi criada a Aliança dos Surfistas pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade e, ao longo do ano, está sendo realizado no estado de São Paulo, o Seminário Surf nas Ondas da Sustentabilidade que aborda questões como protagonismo do surfista, gestão costeira, cultura do surfe e consumo consciente, juventude e meio ambiente.

Além da atuação de ONG’s, algumas empresas da indústria do surfe já começam a criar confecções utilisando materiais ecológicos. Já existem pranchas 100% ecológicas e biodegradáveis, já que em geral, elas têm um processo de produção altamente poluente e geram mais quilos de resíduos que seu próprio peso. Há, também, inovação e investimento na fabricação de produtos elaborados a partir do algodão orgânico, de matéria reciclada e sem a utilização de insumos químicos tóxicos à natureza. Mas o inconveniente é ainda o alto valor agregado.

Praias poluidas, mata devastada, lixo acumulado. Essa é uma paisagem evitada por todos. Por isso é que a consicientização e mobilização da comunidade é tão importante. Porém não só aos surfistas, mas também aos amantes do esporte e do meio ambiente fica a dica: vale a pena preservar o planeta.

Revista Ecoturismo