Ao receber a camisa número 5 da seleção brasileira campeã da Copa das Confederações, entregue pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu colega Barack Obama jurou vingança: “Da próxima vez, não perderemos de novo uma vantagem de 2 a 0”, afirmou, para gargalhadas das duas comitivas.

Lula repetiu a Obama o que havia contado na véspera em entrevista coletiva: quando a final Brasil x Estados Unidos do torneio na África do Sul ainda estava 2 a 0 para os norte-americanos, Lula ficou cantando o mantra de campanha de Obama (“nós podemos/nós podemos”) até que o Brasil virou (e venceu por 3 a 2). Foi a vez das gargalhadas do lado americano.

O fato de Obama lembrar que os Estados Unidos venciam o jogo contradiz a desinformação habitual entre os norte-americanos sobre o que chamam de “soccer”. Tanto que Robert Gibbs, o porta-voz da Casa Branca, contou depois aos jornalistas que acompanham a viagem de Obama que estava pesquisando para saber quem era o dono da camisa 5 da seleção brasileira (Felipe Mello).

Emendou: “Meu palpite é que ele é um defensor, dada a ordem natural das coisas” [na verdade, o jogador é meio-campista, meio defensor, meio atacante].
Mesmo sem saber quem era o dono da camisa originalmente, Gibbs informou que dissera a Obama que vai ficar com ela.

Não foi o único ambiente usualmente alheio ao futebol em que penetraram astros brasileiros: O “Osservatore Romano”, o jornal do Vaticano, abriu página inteira para Pelé, com direito até a título em português (“Saudade do Rei”). No artigo, Pelé reclama bravamente dos gastos com a contratação de jogadores como Kaká e Cristiano Ronaldo: “O problema hoje é que um jogador muito jovem começa a jogar já pensando em quanto dinheiro poderá ganhar, não importa onde”.

Emendou: “Vai para o Real Madrid e beija a camiseta. No dia seguinte, muda de time e beija a nova camisa, jurando amor eterno”.

Clóvis Rossi

Folha de São Paulo