PEQUIM dá nova mostra de seu ímpeto para melhorar a participação de fontes renováveis na matriz energética. Em 2009, a China ultrapassou a Espanha e se tornou o terceiro maior parque instalado para produzir energia elétrica -20 mil megawatts (MW)- a partir dos ventos. Só perde para os EUA (25.170 MW, dado de 2008) e para a Alemanha (23.903 MW).

Além disso, o governo chinês acaba de anunciar a suspensão da reserva de mercado que garantia 70% dos equipamentos das usinas eólicas para a indústria doméstica. A regra vigorava desde 2005. Com ela, a participação das peças importadas caiu de 75% para 25% em quatro anos. Não parece provável, porém, que a relação volte a inverter-se. A indústria chinesa ganhou musculatura no período para competir internacionalmente.

A China justifica a suspensão com base na necessidade de ter acesso a tecnologias mais avançadas. Há também uma questão estratégica. O país se tornou o maior emissor mundial de gases do efeito estufa e sua população sofre com graves problemas de poluição. Ambos os fatores decorrem de sua dependência de combustíveis fósseis, responsáveis por 93% da energia.
A meta é elevar a participação das fontes renováveis de 7% para 15% até 2020, esforço considerável. Em comparação, o Brasil parte de uma matriz mais limpa, com 80% da eletricidade proveniente de hidrelétricas, mas planeja sujá-la, aumentando de 15% para 19% a parcela das não renováveis na próxima década.

Mesmo um leilão de energia eólica considerado bem-sucedido, como o de dezembro passado, contratou a instalação de 1.806 MW -ou meros 3,5% do que terá a China em 2020. O berço hidrologicamente esplêndido do Brasil ajuda a explicar o baixo investimento em energias alternativas, mas não o justifica.