A  Copa de 2014 e a Rio+20 darão ao Brasil a oportunidade de assumir o protagonismo sobre um tema que ainda patina na agenda dos principais governos: a questão ambiental.

Além do legado material, os eventos permitem ao país instituir uma filosofia de desenvolvimento na qual a preservação de recursos naturais e da biodiversidade sejam compromissos essenciais.

Na Alemanha, sede da copa de 2006, a pauta sobre sustentabilidade foi adotada de forma organizada, a partir do programa Green Goal, que coordenou as medidas para o uso racional da água, redução  e reciclagem de lixo. Pela primeira vez na história do torneio, a emissão adicional de gases causadores do efeito estufa foi compensada.

Na África do Sul, sede da última Copa do Mundo, o tema também foi trabalhado, com esforços concentrados em Cape Town, com ações de sensibilização da sociedade.

No Brasil, é convergente o interesse do governo, da iniciativa privada e da sociedade civil em aproveitar os exemplos para construir uma Copa Verde. A Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, será um passo importante para direcionar uma década que almeja ter o meio ambiente como árbitro do desenvolvimento econômico e social global.

Para o planejamento turístico nacional, o momento não poderia ser mais oportuno.

No  encontro, uma grande ação dos ministérios do Turismo e do Meio Ambiente dará visibilidade ao papel brasileiro na campanha global Passaporte Verde. Ela estimula o turista a adotar um consumo responsável, mostrando de que forma as escolhas podem contribuir para a conservação ambiental e a qualidade de vida nos destinos visitados.

As principais iniciativas do ministério estão alinhadas para favorecer a diversidade natural enquanto atração turística. Para brasileiros e visitantes, o sucesso da Copa 2014 será avaliada também, a partir da dimensão e do valor dado ao conceito de sustentabilidade.

O aproveitamento dessa estratégia está presente no projeto Fomento ao Turismo nos Parques e Entorno. Ele promove a aproximação entre a cadeia produtiva e os gestores locais na chapada dos Veadeiros (GO), serra dos Órgãos (RJ), Aparados da Serra (RS e SC), Anavilhanas (AM) e Fernando de Noronha (PE).

Painéis de informações turísticas, mapas e um relatório com boas práticas em sustentabilidade são os produtos finais da iniciativa, que serão levados e aplicados às 12 sedes da Copa 2014 – os “Parques da Copa”.

Os “negócios verdes” terão prioridades. Parceria entre o ministério do Turismo e o BNDES, dentro da linha Procopa Turismo, garante à hotelaria créditos especiais, com prazos e juros reduzidos, para a reforma e  construção de empreendimentos com preocupação ambiental.

Com a expectativa de recebermos 600 mil turistas de outros países e 3 milhões de viagens domésticas somente durante a Copa do Mundo, precisamos, sim, de uma trabalho acelerado em infraestrutura, sinalização,  estradas, aeroportos e serviços. Mas o meio ambiente é tema transversal em todas as iniciativas. O Brasil será cobrado e estaremos prontos para servir de exemplo.

GASTÃO VIEIRA

Fonte: Folha de São Paulo