A OAB-DF anunciou na noite desta quarta-feira (24) a criação de um movimento suprapartidário contra a intervenção federal no governo do Distrito Federal (GDF). A decisão representa uma mudança na campanha do órgão que defendia até ontem a intervenção no GDF.

“Falo em nome do Presidente do Conselho, Ophir Cavalcente. Não diria que houve uma mudança, houve uma evolução na opinião da Ordem dos Advogados do Brasil. Nosso objetivo é um só: garantir movimentos de governabilidade para o governador Wilson Lima (PR)”, justifica o presidente da OAB/DF, Francisco Caputo.

A OAB deve protocolar na próxima sexta-feira uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) com justificativas jurídicas contrariando a proposta de intervenção da Procuradoria-Geral da República. Os advogados continuam defendendo que se faça uma auditoria externa nas contas do GDF e que haja uma demissão coletiva nos cargos com indicações políticas ao governador Arruda.

A entidade deve se articular com movimentos sociais e entidades de classes para ajudar a “manter a governabilidade”. “Não estamos defendendo nem mandatos nem pessoas. Estamos defendo mandatos jurídicos”, destacou.

“Apesar da perplexidade que [a crise política] acusou em toda população, não houve ruptura no que diz respeito aos serviços públicos e mesmo o funcionamento do Legislativo não foi interrompido”, alegou Caputo.

O presidente citou ainda que a Câmara Legislativa está tomando medidas práticas, como a criação da CPI da Codeplan (ou da Corrupção, como ficou conhecida) e a Comissão Especial, que irá analisar o pedido de impeachment do governador afastado, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) e a cassação de oito deputados distritais que estariam envolvidos em um suposto esquema de propina, que ficou conhecido como “mensalão do DEM”.

O advogado avalia que o maior prejuízo da intervenção federal seria o de “ordem moral”. “Um atestado de que o Distrito Federal não está preparado para se autodeterminar”, definiu.

Folha de São Paulo