O Inea (Instituto Estadual do Ambiente) autuou no final da tarde desta terça-feira a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) por poluir o ar com o lançamento de material particulado proveniente de um forno da usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, região sul do Estado do Rio.
Na manhã de hoje, válvulas de segurança (bleeders) da fábrica foram abertas e lançaram por cerca de dois minutos um pó escuro com carvão, monóxido de carbono e dióxido de carbono, segundo técnicos do instituto, no centro do município. O valor da multa pode variar de R$ 1.000 a R$ 500 mil.
De acordo com informações da companhia, por volta das 7h ocorreram problemas no alto forno três, o que provocou um aumento da pressão interna, provavelmente em razão da rápida liberação dos gases gerados no processo. O aumento de pressão acionou os sistemas de segurança e a válvula se abriu, liberando o excesso de gases para o ambiente exterior, como forma de aliviar a pressão interna para estabilização do sistema.
Técnicos do Inea, que acompanharam o incidente desde o início, informaram que por conta das condições meteorológicas desfavoráveis, com nevoeiro e ventos fracos, a fuligem liberada demorou a se dissolver. “Porém, a aproximação de uma frente fria hoje à noite tende a favorecer a dispersão das partículas”, informou o órgão.
Segundo analistas de qualidade do ar do instituto é necessária uma média de 24h para elaborar o diagnóstico das condições do ar. “No entanto, em função do ocorrido, independentemente dos valores de concentração de poluentes atmosféricos, pode-se avaliar o ar como inadequado”, informou o Inea.
Ainda de acordo com o instituto, o alto forno três da CSN possui capacidade para operar com carga de até dez toneladas e, por ocasião do suposto incidente, passou a operar com apenas nove toneladas. “A fábrica possui dispositivos de segurança no sistema produtivo que são acionadas quando ocorre o aumento excessivo de pressão”, explicou um dos técnicos do Inea.
No início da manhã desta terça, moradores de Volta Redonda se assustaram com um barulho semelhante ao de uma explosão causado pelo acúmulo de pressão de ar no topo de um alto forno da CSN. Segundo moradores, um pó escuro foi lançado no ar e cobriu telhados, casas e carros nas proximidades do local.
Em nota, a CSN informou que o incidente não se trata de explosão. Segundo a assessoria da companhia, o estrondo foi provocado pela ação automática da abertura dos bleeders para emissão de pressão.
“A CSN está apurando as causas da sobrepressão do alto-forno 3”, disse a assessoria em nota divulgada na tarde desta terça-feira.
Em relação à divulgação feita pelo Inea, a assessoria da CSN afirmou que a companhia não tinha sido notificada sobre nenhuma autuação até o final da tarde de hoje.
Diana Brito
Colaboração para a Folha Online, no Rio