Integrantes do PT classificaram a saída de Marina Silva do partido como um “erro” de avaliação. A direção da legenda descartou a hipótese de reivindicar o mandato da senadora. Marina comentou ontem que recorreria à Justiça caso o partido quisesse retomar a sua cadeira no Senado. “Eu discordo da avaliação dela, de que não havia espaço no partido para a discussão do desenvolvimento sustentável, mas respeito a decisão e a desejo felicidades”, disse o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). Marina o comunicou sobre a decisão ontem pela manhã.

Berzoini não quis comentar sobre a possível candidatura de Marina à Presidência pelo PV. Já o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) disse que a potencial candidatura de Marina modifica o quadro sucessório. “É claro que sim, mas não sei o quanto”, disse. Temer é apontado como possível candidato a vice-presidente em chapa com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

Uma das pessoas mais próximas à senadora no PT do Acre, o governador Binho Marques afirmou que é uma “questão difícil” optar entre Marina e Dilma na disputa presidencial. No PT acreano, o coro ontem era de “lamento” pela decisão da ex-ministra e de promessas de respeito mútuo. “Não vamos nos tratar como estranhos, mas agora estamos em movimentos diferentes. Na hora do debate, vamos ficar com nossa candidata”, disse Sibá Machado, suplente de Marina no Senado.

O PSDB admite que a possível candidatura de Marina provocará tremores em palanques tucanos, especialmente no Rio de Janeiro. No Estado, o governador de São Paulo e potencial candidato à Presidência, José Serra, defende uma aliança com o PV.

O ideal para tucanos é que Serra conte com o palanque de Fernando Gabeira (PV), caso o deputado venha mesmo a se candidatar ao governo. Mas, com o lançamento de Marina, Gabeira não poderá se dedicar exclusivamente à campanha de Serra num Estado em que o PSDB apresenta fragilidade.
Apesar disso, a avaliação do PSDB é que a candidatura de Marina traz benefícios no cenário nacional, por evitar uma polarização entre PSDB e Lula.

Secretário Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente na gestão Marina, o ex-deputado Luciano Zica também apresentou ontem sua carta de desfiliação do PT.

Folha de São Paulo