Ao retirar seu país do Acordo de Paris sobre o clima, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descumpre o documento e abre a discursão sobre mudanças climáticas em todo o mundo. No Brasil, seguem as polêmicas e incertezas sobre o cumprimento das metas nacionais, agora transformadas em lei: uma redução de 37% das emissões, em 2025, e de 43%, em 2030, em comparação aos níveis de 2005.
Para a pesquisadora da FGV Energia, Tatiana Bruce da Silva, uma maneira de continuar a investir em energias renováveis e no combate ao desmatamento, mesmo com a crise econômica e política que assola o país, é recorrer a fontes de bancos multilaterais, como o Banco Mundial e o BID, além de incentivar investimentos do setor privado e empresas.
“Outra alternativa também é a emissão de green bonds. Recentemente, o BNDES captou US$ 1 bilhão em green bonds no mercado internacional para financiar projetos de geração eólica ou solar, novos ou já existentes na carteira do Banco. Além disso, incorporar o conceito de economia de baixo carbono ao planejamento nacional, como nos Planos Plurianuais federal, estaduais e municipais, ajudaria a direcionar os limitados recursos governamentais na direção do combate às mudanças climáticas”, sugere Tatiana.
A pesquisadora da FGV cita ainda que os Estados Unidos, durante a crise de 2008-2009, fez um pacote de estímulo governamental (American Recovery and Reinvestment Act – ARRA, ou stimulus package), investimentos em fontes renováveis, redes inteligentes e eficiência energética. “Como resultado, o país cresceu muito nessas áreas. O Brasil não tem tantos recursos quanto os EUA, mas esse exemplo ainda assim ilustra que tempos difíceis são, também, momentos para oportunidades”, aponta a especialista.
Tatiana aponta que o Brasil, quanto aos objetivos firmados no Acordo de Paris, conseguiu apenas ter êxito em relação à matriz energética de bioenergia, que já é de 18%. Ela diz, no entanto, que o país deve continuar investindo no setor para que esse percentual não caia.
“Já a taxa de desmatamento estimada para 2016 pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), indicou um aumento de 29% em relação a 2015. Contudo, a taxa de desmatamento atual representa uma redução de 71% em relação à registrada em 2004, ano em que foi iniciado pelo Governo Federal o Plano para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm)”, lamenta a pesquisadora da FGV.