24/04/12 – Os presidentes da Vale, Murilo Ferreira, e da Petrobras, Graça Foster, assinaram ontem a renovação do contrato para a exploração em Sergipe de jazidas de carnalita, minério do qual se extrai o potássio para fabricação de fertilizantes. As minas ficam em Rosário do Catete, a 44 km de Aracaju (SE).
As duas empresas negociavam a renovação do contrato desde 2007. O novo contrato prevê o arrendamento dos direitos minerários da Petrobras à Vale por mais 30 anos.
A Vale explorava desde 1992 a mina de Taquari-Vassouras, concessão da Petrobras em Sergipe, mas queria estender a exploração para uma área adjacente a fim de aumentar a produtividade, já que as reservas da jazida iriam se esgotar em 2014.
A existência de reservas de petróleo próximas às de potássio era um dos motivos que emperravam as negociações. As empresas decidiram isolar a área que poderia gerar conflito, inclusive com risco de explosão, para viabilizar o negócio. Não foi divulgado quanto a Vale pagará à Petrobras pelo arrendamento.
A mineradora agora deverá implantar na extensão da mina de Taquari-Vassouras o Projeto Carnalita, um investimento que pode chegar a US$ 4 bilhões e vai produzir 1,2 milhão de toneladas/ano.
Em 2011, a Vale produziu 623 mil toneladas de potássio em Taquari-Vassouras, um volume bem abaixo do recorde de 717 mil toneladas de 2009, refletindo o impacto do empobrecimento do minério, um fenômeno causado pelo envelhecimento da mina.
Maior do Brasil
O novo projeto vai gerar cerca de 4.000 empregos diretos que serão criados na implantação da indústria e 700 na fase de operação. Em 2015, a unidade deve se tornar a maior unidade de extração de potássio do Brasil.
“A carnalita é a garantia de que estamos dando um passo, aqui e agora, na autonomia de fertilizantes”, disse a presidente Dilma Rousseff, que participou do evento.
Quarto maior consumidor de fertilizantes no mundo, o Brasil importa atualmente 70% do que consome e 90% do potássio de que necessita, disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Segundo ele, as jazidas de carnalita de Sergipe devem proporcionar uma economia de US$ 17 bilhões ao país nos próximos 29 anos.
A Vale vai usar na nova área uma tecnologia a partir da injeção de água quente em poços onde serão dissolvidos os sais. A salmoura (mistura da carnalita com outros sais) será retirada do subsolo e processada na superfície. Em Taquari-Vassouras, a Vale usa o método de perfuração na mina subterrânea.
Fábio Guibu e Denise Luna
Fonte: Folha de S. Paulo