Uma campanha publicitária lançada pela Secretaria da Fazenda de Mato Grosso relaciona o pagamento de impostos à construção do novo estádio de Cuiabá para a Copa de 2014.

Colocado na avenida mais movimentada da capital mato-grossense, um grande outdoor traz imagens do projeto do novo Verdão. No painel, uma mensagem avisa: “sem evasão fiscal, se faz a Copa para você”.

Em entrevista à reportagem, o secretário de Estado da Fazenda, Eder Moraes, negou que a publicidade do governo faça conexão entre o pagamento de impostos e a construção do estádio. “Ali fazemos alusão à Copa do Mundo. Poderia ter utilizado imagens do Maracanã, por exemplo. O objetivo era ilustrar a chegada do evento.”

Segundo Moraes, a alimentação do fundo não será feita com recursos dos impostos. Segundo ele, a possibilidade de participação da iniciativa privada no estádio não está descartada.

“Há cinco grandes conglomerados interessados em participar dos investimentos. Se alguma das parcerias for concretizada, o montante de gastos públicos será bem menor.”

Mas o governo de Mato Grosso diz já ter reservado R$ 100 milhões em um fundo específico para a obra do estádio de 42 mil lugares, orçado em R$ 450 milhões. Ou seja, faltariam mais de três quartos da verba total para a reforma.

Após o anúncio, em maio, de Cuiabá como uma das 12 cidades da Copa, o governador Blairo Maggi (PR) falou que o principal compromisso do governo estadual era construir o estádio “com recursos próprios”.

“Longe de se tornar um elefante branco, a ideia é ter um estádio de múltiplo uso. Um complexo como todo ao redor do estádio. Pretendemos ter centro de eventos e shopping”, disse ele, à ocasião.

No momento, Mato Grosso não tem equipes nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro.

A CBF recomenda que não haja dinheiro público na construção ou na reforma de campos de futebol para 2014. Antes da escolha do país para o evento, o presidente Ricardo Teixeira disse que o “único trabalho” dos governos seria “oferecer transporte público de qualidade, saúde e outras coisas”.

Procurada pela reportagem, a CBF, por meio de sua assessoria, disse que o comitê organizador não possui poder legal para impor veto ao gasto público. Informou também que os projetos pertencem às cidades e que cada uma vai utilizar o mecanismo que preferir.

Mas disse que desencoraja o gasto de verba pública, pois alega que, no Brasil, estádio de futebol dá lucro. O governo federal diz que não vai investir em arenas para o Mundial.

Rodrigo Vargas
do Agência Folha, em Cuiabá