A presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), protocolou nesta terça-feira (2) uma denúncia junto à Comissão de Ética Pública da Presidência da República pedindo a demissão do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. A ação tem como base afirmações feitas pelo ministro contra a bancada ruralista.

A senadora pediu também que a Procuradoria Geral da República avalie a conduta do ministro e apresente denúncia por crime de responsabilidade contra ele. O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do ministro e aguarda resposta.

A disputa entre o ministro e a bancada ruralista ganhou força na semana passada, após o ministro fazer ofensas aos líderes do agronegócio em manifestação da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), que reúne pequenos produtores. “Os ruralistas escolheram o rabinho do capeta e agora fingem defender a agricultura familiar. É conversa para boi dormir. Não se deixem enganar. São vigaristas. Não é a CNA que fala em nome da agricultura familiar”.

No entanto, no mesmo dia, o ministro divulgou uma nota informando que apenas estava alertando sobre o rsco de manipulação da agricultura familiar pelos “grandes” com o objetivo de usar pequenos agricultores como massa de manobra contra as proteções ambientais. “Não houve qualquer intenção de insultar nenhum dirigente e nenhum parlamentar. Não mencionei qualquer nome, não ofendi qualquer pessoa”, dizia o texto.

Reações

O pedido de demissão do ministro e a representação junto à PGR são as reações formais dos ruralistas. Líderes do movimento já tinham feito discursos contra Minc das tribunas da Câmara e do Senado. Para a senadora, a postura de Minc tira sua isenção para permanecer no cargo.

“Tais declarações denotam ausência das condições necessárias para o exercício da função de ministro de estado. Além de faltar com a dignidade, a honra e o decoro do cargo, a situação é particularmente grave na medida em que o sr. Carlos Minc Baumfeld dirige e supervisiona órgãos e entidades da administração federal que fiscalizam produtores rurais quanto ao cumprimento da legislação ambiental”, diz Kátia Abreu no texto enviado à Comissão de Ética Pública.

Junto à PGR, a presidente CNA solicita que seja apresentada uma denúncia por crime de responsabilidade. Para a líder ruralista, o ministro se enquadrou no crime por “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”.

Eduardo Bresciani Do G1, em Brasília