Segundo o Ministério Público, Camargo Corrêa não se compromete a atender necessidades dos trabalhadores

Cássia Almeida

Enviada especial

PORTO VELHO. O Ministério Público do Trabalho ajuizou ontem uma ação civil pública contra a construtora Camargo Corrêa, responsável pelas obras da Usina Hidrelétrica de .lirau. A empresa, que havia assumido compromisso de assinar um termo de ajustamento de conduta (TAC) amanhã, fez modificações no documento que, segundo o procurador regional do Trabalho Francisco Cruz, no conjunto não atendem as necessidades dos trabalhadores.

Uma das alterações pedidas pela Camargo Corrêa é que o pagamento dos trabalhadores ficasse restrito ao salário-base, sem considerar outros ganhos que os operários recebem. Consultada, a empreiteira afirmou que ainda não foi notificada da ação do MP do Trabalho.

As obras de Jirau, um dos maiores projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estão paradas desde quarta-feira, depois que uma rebelião de trabalhadores destruiu alojamentos e instalações da usina.

Ontem, a empresa começou a retirar os trabalhadores que haviam saído do canteiro de obras e estão precariamente instalados em Porto Velho. Cerca de dois mil operários deixaram a capital de Rondônia em 12voos fretados e 300 ônibus. A expectativa é que mais três mil deixem a cidade nos próximos dias.

Mas milhares de trabalhadores ainda esperavam no ginásio do Sesi, um dos alojamentos improvisados. o Clima de tensão permaneciano local, com os operários enfileirados, sob o sol, à espera do transporte prometido. Eles estavam há três dias no alojamento, em precárias condições de higiene. Na sexta-feira, uma chuva forte caiu sobre Porto Velho, deixando o ginásio em pions condições. Havia poucos funcionários da Camargo Corrêa para orientar os trabalhadores e a Polícia Militar,única autoridade pública a permanecer no local, tentava organizar uma fila.

– Não tem ninguém aqui para organizar isso. Eles ficam sob sol e chuva, nas filas – reclamava um policial militar. Como a maioria é de Maranhão e Pará, operários de outros estados se queixavam da falta de informações.

– Estamos na fila sem saber quando sairemos daqui. O ginásio está imundo. Os banheiros não dãoconta.Somos de Sergipe. Sâo cinco dias de ônibus até lá – reclamava um trabalhador.

fonte: O Globo