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Foto: Gabriel Heusi/ brasil2016.gov.br

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Fotos: Danilo Borges/brasil2016.gov.br

Evento foi um manifesto para a sociedade mudar o olhar, acolher a diversidade e conviver sem excluir
Provocar e celebrar. A Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016 foi um manifesto para a sociedade mudar o olhar, acolher a diversidade, conviver sem excluir e viver superando limites. Assim, o estádio do Maracanã virou, na última quarta-feira (07.09), um laboratório multissensorial que transmitiu a mensagem para a população mudar a percepção em relação à pessoa com deficiência.
Com a proposta de aproximar a plateia da realidade dos atletas paralímpicos, o público foi instigado a usar os sentidos. Em outro momento, a união de todos os países formou um grande coração pulsante para transmitir a mensagem: “O coração não conhece limites”.

O espetáculo
A cerimônia, idealizada pelo escritor e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva, pelo design Fred Gelli e pelo artista plástico Vik Muniz, começou com uma viagem na história do Movimento Paralímpico. Um vídeo mostrou o berço do paradesporto, iniciado no fim da Segunda Guerra Mundial na pequena cidade inglesa de Stoke Mandeville. As imagens fizeram uma conexão entre a capital britânica Londres e Belém, no Pará, com Sir Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, passando pelos locais em sua cadeira de rodas. Em seguida ele chega ao Rio de Janeiro e entra na rampa do Maracanã para, enfim, surgir no meio do público, dando início à contagem regressiva.
Foi neste momento que uma das principais apresentações da noite levantou a plateia: o norte-americano Aaron Wheelz, que nasceu com uma má-formação congênita conhecida como espinha bífida, utilizou sua cadeira de rodas para realizar um feito que poucas pessoas teriam coragem de tentar. O atleta desceu, em alta velocidade, por uma mega rampa de 17 metros (equivalente a um prédio de seis andares) montada ao longo das arquibancadas do Maracanã. No momento em que Aaron Wheelz concluía a manobra, fogos de artifícios foram disparados, iluminando o céu do Rio de Janeiro.

Roda brasileira

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Foto: Gabriel Heusi/brasil2016.gov.br

A roda foi a primeira homenageada da noite. Ícone universal de mobilidade, ela foi apresentada da forma mais brasileira possível, por meio de um pandeiro dentro de uma roda de samba. O encontro, que representa a cultura nacional, contou com os bambas Monarco, Maria Rita, Pretinho da Serrinha, Xande de Pilares, Hamilton de Holanda, Diogo Nogueira e Gabrielzinho do Irajá.
Em seguida, uma projeção fez o gramado do Maracanã virar uma grande piscina. A imagem do nadador brasileiro Daniel Dias atravessou o palco do futebol mundial no melhor estilo livre. A transformação foi para mostrar um típico dia de praia da Cidade Maravilhosa, com a água da piscina recuando e abrindo espaço para a areia.
A cena proporcionou uma experiência surpreendente ao público, que viu surfistas, banhistas, vendedores e esportistas em diversidade de formas e cores. Um dos personagens mais típicos das praias cariocas, o vendedor de “Mate” fez o galão com chá virar tambor. Após a encenação, o Hino Nacional foi executado pelo maestro João Carlos Martins e os guarda-sóis da praia se transformaram em uma imensa bandeira do Brasil.

“O coração não conhece limites”

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Foto: Danilo Borges/brasil2016.gov.br

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Amy Purdy. Foto: Getty Images

Embalados pelo DJ João Brasil, que selecionou uma mistura do ritmo da música eletrônica com ritmos populares para a recepção dos atletas, as delegações começaram a entrar. A primeira foi composta pelos Atletas Independentes, que carregavam a bandeira do Comitê Paralímpico Internacional. No total, 164 delegações com 1.838 atletas encheram o Maracanã.
Ao som de “O homem falou”, de Gonzaguinha, o Rio de Janeiro viu pela primeira vez uma mulher puxar a delegação paralímpica brasileira na Cerimônia de Abertura. Shirlene Coelho, campeã mundial e paralímpica, carregou a bandeira nacional.
Ao lado dos porta-bandeiras, peças de quebra-cabeça com nomes dos países abriam alas paras as equipes. Na outra face das peças, fotos de 6.315 atletas paralímpicos, que foram sendo encaixadas uma a uma no centro do gramado.
Recordista mundial e medalhista de prata (Pequim 2008) e de ouro (Londres 2012) no lançamento de dardo, a goiana entregou a última peça do tabuleiro que formou um coração gigante que pulsou, transmitindo o conceito principal da cerimônia: “O coração não conhece limites”.

Boas-vindas
Os presidentes do Comitê Paralímpico Internacional, Philip Craven, e do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, discursaram para o público e trouxeram uma mensagem de boas-vindas aos atletas. “Vocês são super-humanos, não conhecem o impossível. É com imensa admiração que nós dedicamos esses jogos e essa festa a vocês atletas paralímpicos do mundo inteiro. Vocês são nossos heróis. O Rio de Janeiro está pronto para fazer a história paralímpica”, disse Nuzman.
O presidente do Comitê Rio 2016 também destacou a importância do evento para o Brasil e para o mundo. “Celebramos hoje um grande desafio, o desafio de construir um mundo novo. Muito mais acessível e mais fraterno, onde todos possam caminhar lado a lado sem obstáculos”, acrescentou.
Na sequência, Philip Craven destacou os valores do esporte paralímpico, para quem os Jogos têm o poder de encorajar as pessoas a enfrentarem as dificuldades e aprenderem com as diferenças. “Eles veem os obstáculos como oportunidades para fazer do mundo um lugar mais justo. Pelos próximos doze dias vocês vão testemunhar como o esporte paralímpico tem o poder de transformar o individuo para um mundo cheio de possibilidades e oportunidades infinitas”. Após os discursos, o presidente Michel Temer anunciou oficialmente a Abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016.

Além da visão
Com um espécie de blackout, o público foi convidado a despertar o sentido do tato e ampliar a capacidade de desenvolver novas habilidades quando falta um dos sentidos. Feixes de luz, formação de um olho gigante e dois dançarinos com deficiência visual, Renata e Oscar, se apresentaram sobre a projeção de um piso tátil, evidenciando a importância do uso desse recurso para os deficientes visuais.
A convivência entre o homem e a tecnologia também foi mostrada. A bailarina e atleta paralímpica americana Amy Purdy dançou com o robô Kuka, um braço automotivo.

Bandeira Paralímpica
A bandeira paralímpica foi carregada por nove crianças com diferentes tipos de deficiências e integrantes do projeto Bota do Mundo. Acompanhadas pelos pais, elas deram a volta no estádio e foram aplaudidas durante todo o percurso, que terminou com a passagem da flâmula para o Terceiro Grupamento Marítimo de Copacabana, que hasteou o símbolo.
O projeto Bota do Mundo nasceu através do brasileiro Alexandre Faleiros, um pai que só queria realizar o sonho do filho, deficiente físico, de jogar futebol. Hoje a iniciativa é referência no esporte adaptado.
para7Pira Paralímpica
Um dos momentos mais aguardados, o acendimento da pira provocou a emoção de quem acompanhou a cerimônia. Após o revezamento em seis cidades brasileiras (Brasília, Belém, Natal, São Paulo, Joinville e Rio de Janeiro) com a participação de 700 condutores, a chama paralímpica chegou ao Maracanã e, já no interior do estádio, foi conduzida por quatro atletas.
O corredor Antônio Delfino de Souza, medalhista de ouro em Atenas 2004 nas provas de 200m e 400m, passou a tocha paralímpica para a também corredora, Márcia Malsar, uma das pioneiras da modalidade no Brasil. Sob chuva, ela seguiu o percurso e mesmo após cair, entregou a chama para a velocista Ádria dos Santos sob sonoros aplausos do público.
Àdria que após seis participações em Jogos Paralímpicos, 537 medalhas conquistadas no Brasil e outras 70 internacionais, se aposentou das pistas recentemente, passou a tocha ao último condutor, o nadador Clodoaldo Silva, dono de 13 medalhas, sendo seis de ouro. Ao receber a chama, o “Tubarão Paralímpico” seguiu rumo à pira, mas se deparou com uma enorme escada, que o impossibilitou de subir sozinho com a cadeira de rodas.
Neste momento, a escada se abriu transformando-se em uma rampa de acesso e emocionando o público. A intenção do Comitê Paralímpico foi justamente causar um momento de reflexão nos espectadores sobre a importância e necessidade de um mundo desenhado para todos.

Fonte: Ministério do Esporte