Autoridades de saúde e de saneamento do Amazonas estão intensificando as ações de combate às doenças transmitidas por água contaminada em Manaus.

Rios urbanos da capital amazonense parecem lixeiras. Sem moradia, quem vem do interior tenta reproduzir na cidade a vida ribeirinha: 22 mil palafitas formam favelas sobre os igarapés, pequenos cursos d’água que cortam Manaus. Não há esgoto.

Com a cheia, a sujeira invade as casas. “Isso não somos nós que colocamos. Vem lá de cima. Quando dá uma chuva, o vento traz tudo”, conta a dona de casa Olinda Figueiredo.

Do mesmo rio sai a água para lavar louças, roupas e até tomar banho. “Entra sujeira no cano, entra rato, barata, tudo quanto é inseto vem na água”, diz uma moradora.

As crianças brincam na sujeira. “Fui dar um mortal e caí de boca aberta na água”, conta um menino.

O contato com a água poluída causa doenças como hepatite e difteria. O perigo será ainda maior a partir junho, quando o rio começar a descer. Com a água empoçada, a sujeira se acumula embaixo das casas. Medidas preventivas estão sendo adotadas para tentar evitar um surto de doenças durante a vazante.

De casa em casa, agentes de saúde distribuem um produto para limpar a água de beber. Além disso, mais de cinco mil pessoas já foram vacinadas. A preocupação agora é com a leptospirose, transmitida por ratos e contra a qual não existe vacinação. Por isso, a estratégia é remover a sujeira. Em uma semana, mais de 260 toneladas de lixo foram retiradas dos igarapés de Manaus.

Globo Amazônia