A apresentadora Sabrina Sato, do “Pânico na TV”, convenceu o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) a vestir uma sunga vermelha por cima da calça e desfilar pelo Congresso como o “Super-Homem do Senado”. Ela diz que ele não devolveu a fantasia e afirma ter medo de que a repercussão do caso prejudique o político.

FOLHA – Como convenceu o senador Suplicy a vestir a sunga?
SABRINA SATO – Fiquei com dó dele hoje, falaram que saiu em todos os jornais, né? Eu adoro, amo, amo o Suplicy. Ele sempre fala com a gente. Fala dos projetos dele, daquela bolsa lá dele [o programa de renda mínima defendido pelo senador], mas também participa das brincadeiras. Tem uns senadores que são muito bacanas. Uns aceitam brincadeiras, outros não.

FOLHA – E foi ele que falou do Super-Homem?
SABRINA – A gente queria falar dos heróis e dos vilões do Congresso. Como o Senado é o Poder Legislativo e todo político gosta de poder, queria ver quais são os poderes deles. Eu disse: “Trouxe uma coisa aqui que é só para você, que nenhum outro senador vai poder usar: a sunga do Super-Homem”. Ele colocou e saiu voando comigo. Não sei se isso é quebra de decoro. Acha que ele corre algum risco? Ele falou que estava preocupado com isso e disse: “Só vou fazer porque é pra vocês”. Aí eu falei: “O senhor está acima do bem e do mal!” Ele foi supergentil. E nem devolveu a sunga, ficou lá com ele.

FOLHA – Tentou convencer outros senadores a usarem a sunga?
SABRINA – Não, a sunga era pra ele. O [senador Marcelo] Crivella [PRB-RJ] falou: “Se você conseguir que o Suplicy coloque essa sunga vermelha, você pode eleger um presidente da República”. Eu falei: “O senhor duvida dos meus superpoderes?”. O Flávio Arns [PSDB-PR] disse: “Eu o conheço há mais de dez anos, ele não vai pôr”. Mas combinou: depois do cartão vermelho, a sunga vermelha. Teve um deputado que imitou o Tarzan.

FOLHA – Qual?
SABRINA – O Sandy Junior [Sandes Junior (PP-GO)]. Ele chama Sandy Junior, juro por Deus! O Flávio Arns homenageou o Super-Homem também, por tudo o que o ator [Christopher Reeve] passou. E teve um que cantou a música do He-Man, abriu a espada e tudo.

FOLHA – E como era a espada do deputado?
SABRINA – [Risos] A espada fui eu que levei. Mas não coloca isso, senão não me deixam mais entrar com coisas escondidas lá!

FOLHA – Como você avalia os senadores?
SABRINA – Acho que tem muitos senadores que não são comprometidos com o país e, por isso, não brincam. Os que trabalham direito falam com a gente. O Suplicy, o Cristovam [Buarque (PDT-DF)], o Demóstenes [Torres (DEM-GO)], o Heráclito [Fortes (DEM-PI)]. Eles são coerentes com as ideias deles e trabalham pra caramba. Os que não devem, não temem. No Twitter, falaram que o Suplicy fez errado. Eu não acho. Errado é o que eles fazem escondidos, não na frente do “Pânico”.

FOLHA – Quem ainda foge?
SABRINA – O Sarney nunca falou comigo. Anda com 15 pessoas em volta, dez capangas e os outros senadores puxa-sacos do lado dele. A gente coloca a música do “Poderoso Chefão” quando ele passa e não fala com a gente. Ele e o Renan. Falo que eles são o Batman e Robin. “Robin”! [rindo e fazendo um trocadilho com “roubem”].

FOLHA – Colocaria uma cueca no Renan?
SABRINA – Ele não permitiria isso nem receberia tanta atenção nossa. Não deixa a gente brincar.

FOLHA – Foi difícil convencer o Pedro Simon [PMDB-RS] a dançar valsa com você?
SABRINA – Todo mundo conhece o “Pânico”. Peguntei qual era o talento dele e se ele sabia dançar. Ele disse: “Danço valsa bem”. Aí dançou. O Arthur Virgílio [PSDB-AM] lutou jiu-jitsu comigo, quase caiu no chão.

FOLHA – O Heráclito Fortes ficou bravo quando apertou as bochechas dele?
SABRINA – Imagina, o senador Heráclito é muito gentil! Tem muito humor, é muito bacana. Agora que ele fez operação de estômago, está emagrecendo e não vai mais ter bochecha para eu apertar. Ele me ajuda muito lá, chama os outros senadores para falarem comigo. Não tem nada a esconder, fala sobre tudo.

FOLHA – E o Demóstenes, que você chamou de careca?
SABRINA – Ele sempre brinca. É culto, inteligente, coerente. Já conversei com ele sobre música, cinema… e política, claro. Mas você não vai querer me prejudicar, me fazendo entregar os senadores, né?

[Suplicy] falou que estava preocupado com isso [a acusação de quebra de decoro por vestir a cueca] e disse: “Só vou fazer porque é pra vocês”. Aí eu falei: “O senhor está acima do bem e do mal!”

Mônica Bergamo