País recebe apenas 3,4% dos turistas que chegam nas Américas

Para o Brasil, que possui um fluxo anual de turistas três vezes menor que o Egito, é difícil entender a magnitude de uma indústria que chega a empregar cerca de 40% da força de trabalho do país, como acontece no Líbano, por exemplo. A falta de infraestrutura de transporte, o número reduzido de hoteis, o descaso com muitos pontos turísticos e a falta de treinamento profissional para a área é reflexo de que tal indústria nem sempre é prioritária para os governos e que pode ser deixada de lado. Ao contrário do que ocorre em outros setores da economia brasileira, para o turismo não há muitos subsídios, nem barreiras protecionistas e muito menos um Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) amplamente generoso.

Tal realidade se torna ainda mais absurda quando se leva em consideração que o Brasil foi classificado como o país mais atrativo do mundo para o turismo, no quesito recursos naturais, segundo um estudo do Fórum Econômico Mundial divulgado em março deste ano. Outro dado emblemático é o número de 5,16 milhões de turistas estrangeiros que desembarcaram no país em 2010 – um crescimento de 7,8% em relação ao ano anterior, de acordo com o Ministério do Turismo. Tal cifra, celebrada pelo governo na data de sua divulgação, se torna irrelevante quando comparada ao total de 150 milhões de turistas que vieram ao continente americano no mesmo ano – uma proporção de apenas 3,4%, segundo a Organização Internacional do Turismo.

Do outro lado do Oceano, a despeito da vitória sobre a ditadura de Hosni Mubarak, um Egito machucado deverá ter um ano ruim para o turismo. No cenário mais desastroso traçado por economistas, com uma queda de 60% no número de turistas, o Egito ainda terminaria o ano de 2011 com 6 milhões de visitantes estrangeiros – patamar que o Brasil ainda não alcançou.

Fonte: VEJA