As espécies vegetais e animais invasoras de áreas naturais foram apontadas como uma das graves ameaças ao meio ambiente, durante o seminário Ano Internacional da Biodiversidade: os desafios para o Brasil. No encontro, promovido pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, uma das estratégias sugeridas para a conscientização dos cidadãos a respeito dos cuidados com a natureza foi o estímulo a visitas a unidades de conservação. O encontro começou nesta terça-feira (13/7) e continua amanhã, às 9h, com encerramento previsto para as 17h45.

Vivian Beck Pombo, do Departamento de Conservação da Biodiversidade do MMA, falou sobre as iniciativas do ministério para o controle das espécies exóticas que se desenvolvem em ambientes nativos. Ela disse que no Brasil há 543 espécies consideradas invasoras ou com potencial de se tornarem invasoras devido a seu histórico em outros países. Por esse motivo, desde 2001 o Ministério do Meio Ambiente tem desenvolvido ações de controle. “Queremos trazer esse assunto à tona, e inseri-lo nos documentos que tem sido elaborados a respeito da biodiversidade”, afirmou a bióloga. Ela citou que em 2001 o MMA tomou a iniciativa da criação de cinco subprojetos para o levantamento sobre plantas e animais exóticos no Brasil. Também comentou sobre a criação da Câmara Técnica permanente no âmbito do Pronabio (Programa Nacional de Biodiversidade Biológica), como uma das estratégias de combate.

As principais espécies invasoras citadas no encontro foram pinus, microorganismos que causam doenças humanas e o javali. Algumas são introduzidas de modo involuntário, como os caramujos africanos, trazidos nos cascos de navios. Outras são introduzidas inclusive por motivações econômicas. Como os javalis que causam danos especialmente na região Sul e também no Sudeste e Mato Grosso. Muitos animais foram abandonados em campos e florestas por criadores que fracassaram em empreendimentos comerciais de exploração de carne.

Durante a tarde de ontem, quatro painéis foram apresentados no seminário, com discussões a respeito dos desafios brasileiros para evitar danos ao meio ambiente em consequência de atividades humanas, como turismo e obras de infra-estrutura. Também foram citados projetos de desenvolvimento sustentável que contribuem com o combate à desigualdade social. Entre eles, polos de turismo como o de Tapajós, no Pará, em que comunidades ribeirinhas são qualificadas para atendimento a visitantes. Ou como pequenos proprietários rurais que recebem turistas em Santa Catarina.

Uma das sugestões foi apresentada pelo representante do ICMBio, Julio Gonchorosky, da diretoria de Unidades de Conservação. Ele ressaltou a importância dessas áreas para a educação ambiental, geração de renda e para a proteção da natureza. Citou como exemplo os R$ 100 milhões de investimentos feitos pela iniciativa privada nos últimos 10 anos em infra-estrutura para utilização do Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, que devido aos benefícios aos usuários acabaram se revertendo em R$ 20 milhões em arrecadação para a própria unidade de conservação, em ingressos, hospedagem no hotel que faz parte de sua estrutura e nos passeios de barcos, por exemplo.

A visitação às áreas federais protegidas tem crescido nos últimos anos. Entre 2006 e 2009, os ingressos aos parque nacionais administrados pelo MMA cresceram de 1,7 milhão para 3,8 milhões. Um salto significativo, especialmente porque esse tipo de passeio não era habitual há algumas décadas, e que tende a crescer muito mais com a proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil. Julio Gonchorosky ainda deu como exemplo áreas protegidas como recifes costeiros e a ilha de Fernando de Noronha que são objetos de desejo especialmente do turismo doméstico.

MMA