Existem atualmente no Brasil cerca de 124 milhões de hectares em que ocorrem atividades extrativistas. Especialistas e pesquisadores indicam um forte potencial de crescimento deste setor, e muitos produtos nacionais, oriundos do extrativismo, devem ganhar cada vez mais visibilidade e espaço no mercado internacional, especialmente os destinados a usos medicinais. A atividade pode estimular ainda o ecoturismo em diferentes reservas brasileiras, aumentando a comercialização deste produtos e o desenvolvimento de comunidades tradicionais.

Estas estimativas foram apresentadas no Seminário de Extrativismo Sustentável realizado nesta sexta-feira (18), em Brasília. O encontro reuniu gestores públicos, representantes de órgãos governamentais, do setor produtivo e de comunidades tradicionais para debater o fomento ao extrativismo em todo o País.

De acordo com Cláudia Calório, diretora de Extrativismo do MMA, o principal objetivo do evento é discutir o desenvolvimento das atividades extrativistas no País associado à promoção social dos agricultores familiares. “É importante possibilitar cada vez mais dignidade aos extrativistas e gerar um valor maior aos recursos naturais por eles manejados”, afirmou, durante a abertura do evento.
O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Júlio Roma, elencou as principais dificuldades encontradas para o crescimento do setor: capacidade organizacional; certificação dos produtos; ausência de infraestrutura em estradas de rodagem, armazenamento de produtos, energia, novas tecnologias e equipamentos de auxílio na extração; comercialização e cadeias produtivas desestruturadas.

“As políticas públicas de incentivo estão acertando o passo, mas existem quatro eixos fundamentais que devem ser priorizados, como a mobilização das comunidades, a organização social das mesmas, o acesso à informação e a capacitação dos agricultores familiares , que precisam e esperam oportunidades de novos aprendizados”, reiterou Roma.

Ele ressaltou que a atividade madeireira, por exemplo, desde que feita de forma adequada, pode gerar emprego e renda, além de provocar impacto mais baixo para a biodiversidade do que a pecuária. Só na Amazônia, o setor emprega cerca de 204 mil pessoas, sendo que 66 mil são empregos diretos.

Já a diretora do Serviço Florestal Brasileiro, Cláudia Ramos, afirmou que muitos avanços estão ocorrendo no Brasil em relação ao extrativismo, e ressaltou os programas de Manejo Florestal Familiar, de Aquisição de Alimentos, de Preços Mínimos a Produtos Extrativistas, bem como o Plano Nacional de Sociobiodiversidade.

“Estas políticas públicas indicam que uma forte mudança está ocorrendo, e que a atuação conjunta dos ministérios envolvidos está dando certo”. De acordo com ela, o cenário é positivo, mas ainda é preciso resolver alguns pontos. “Ainda existe uma carência de muitas informações e estatísticas relacionadas à área. Não sabemos, por exemplo, quantas comunidades existem ao todo e aonde estão localizadas.”

MMA