Os cientistas que se reúnem em Belo Horizonte a partir dessa terça-feira (04), durante a conferência que marca o lançamento da campanha mundial de liderança climática 2020, usarão sete diferentes áreas para nortear as discussões sobre estratégias contra o aquecimento global até o ano de 2020. Divididos em grupos de trabalho, os especialistas vão propor formas de abordar problemas e apontar possíveis soluções para atingir metas como a redução de 80% da emissão de carbono até 2020.  Conheça as áreas:

1) Redução da dependência em combustíveis fósseis
O aquecimento global é causado em parte por nosso vício em combustível fóssil, que está presente em 80% das atividades econômicas. Em praticamente tudo o que os seres humanos fazem, desde o preparo da comida, passando pelo transporte até o consumo de produtos e serviços, é baseado em combustíveis fósseis. De plásticos a cosméticos, boa parte do que usamos no dia-a-dia é feito com petróleo. Uma das maneiras mais efetivas de diminuir a dependência de energia fóssil é criar taxas para emissão de carbono e incentivos fiscais para tecnologia limpa e energia renovável. Países como a Alemanha já começaram a reestruturar suas legislações a respeito do assunto e tiveram bons resultado. O governo alemão já afirmou que as emissões de carbono seriam 20% maiores se nenhuma medida tivesse sido adotada.

2) Eficiência energética
Conservar energia é a maneira mais rápida e efetiva para parar o aquecimento global. A maioria das casas e escritórios perde 40% a 50% da energia simplesmente porque não foram desenhados para conservar energia. Atitudes simples como trocar lâmpadas incandescentes por fluorescentes, desplugar aparelhos da tomada quando não estão em uso e comprar eletrodomésticos que consumam menos, são indispensáveis para frear o aquecimento global. Apenas com medidas de conservação de energia, podemos diminuir a projeção de aumento da demanda por energia de 30% em 2020 para 6%.

3) Desenvolvimento de energias renováveis
Se o século XIX foi do carvão, e o Século XX, do petróleo, o século XXI será do sol, do vento e de energia que vem de dentro da terra. Temos que mudar a base de fontes de energia usadas pela humanidade. A capacidade de geração de energia eólica foi de 17 mil MW em 2000 para mais de 100 mil MW em 2008. Cerca de 20% da matriz energética da Dinamarca vem dessa fonte e essa proporção pode chegar a 50%. A energia solar produzida no mundo já 12,4 mil MW. A energia solar que chega a terra em uma hora é suficiente para suprir a necessidade da economia mundial por um ano. A energia geotérmica é outra fonte a ser desenvolvida. O calor sob a crosta terrestre pode gerar 50 mil vezes mais energia do as reservas de gás e óleo do mundo.

4) Tecnologia limpa
Está surgindo uma gama de tecnologias limpas, que não dependem de combustível fóssil. E a proposta delas é reduzir de forma drástica o uso de recursos naturais e até eliminar o desperdício e a emissão de gases. Entre essas tecnologias estão aquelas que dão suporte à produção de energia renovável. Os investimentos em tecnologia limpa são rentáveis. Só em 2007, as empresas de biocombustível somaram retorno de US$ 148 bilhões.

5) Limpeza dos sistemas naturais
Praticamente todos os diferentes meios – água, solo, atmosfera, florestas, oceanos etc – estão poluídos e precisam de limpeza. Do ponto de vista do aquecimento global, a medida de curto prazo mais efetiva é parar de derrubar florestas. Nos últimos 50 anos, derrubamos 50% das áreas de floresta do mundo. Em razão da captura maciça de carbono pelas florestas, a defesa desses sistemas não é apenas uma questão de proteção do meio ambiente local, mas de proteção climática global. Uma árvore tropical pode remover 50kgs de CO2 da atmosfera a cada ano.

6) Criação de estilos de vida sustentáveis
No cerne de qualquer estratégia para 2020 está a mudança nos nossos estilos de vida. Todos nós somos responsáveis pelo aquecimento global. Cerca de 25% do aquecimento global é causado pela maneira como vivemos e comemos. Isso é mais do que o percentual causado pela poluição do setor de transporte sozinho. Carros movidos a gasolina, dietas com muita carne bovina (estima-se que o rebanho bovino seja responsável pela emissão de 18% do carbono emitido) e até mesmo pequenos aparelhos como celulares deixam sua marca. As pessoas podem parar o aquecimento limitando a carne em sua alimentação, dirigindo e voando menos e reduzindo a energia utilizada em casa sempre que possível.

7) Estabelecimento de uma cultura de crescimento sustentável
Os sistemas naturais não precisam ser consumidos para incrementarmos nosso PIB. Não temos que jogar tudo fora para criar novos empregos e lucro. Proteção climática e prosperidade não são mutuamente excludentes. As principais estratégias para criar uma economia vibrante – inovação, eficiência, investimento estratégico e a descoberta de novos caminhos para usar recursos – são as mesmas que devem ser usadas no combate ao aquecimento global.

Para outras informações sobre a Campanha de Liderança Climática 2020 no Brasil e no mundo, visite os sites www.brasil2020.com.br e www.worldforum.org.