AINDA HÁ EMPRESAS QUE NÃO ABSORVERAM A CULTURA DE ECONOMIA COM BASE SUSTENTÁVEL

É grande a expectativa sobre os novos paradigmas socioeconômicos que a Rio+20 oferecerá, em especial ao setor produtivo. O evento colocará o Brasil na pauta mundial sobre a sustentabilidade.

Estratégias ambientais e de responsabilidade social aliadas ao negócio passaram a ser elementos indispensáveis para a competitividade das empresas, ainda mais que a globalização exige produtos e serviços em conformidade com as práticas sustentáveis. E a pressão social se torna cada vez mais intensa à medida que a sociedade passa a compreender e a cobrar atitudes firmes nessa direção.

Apesar das “pressões”, ainda há empresas e segmentos descolados dessa nova realidade por não terem absorvido a cultura de um padrão de economia com base sustentável. Desconhecem sua emissão de gases de efeito estufa, despejam efluentes sem tratamento nos rios, não incorporam a comunidade em seus projetos, devastam áreas imprudentemente etc.

Os grandes projetos empresariais em andamento no Brasil, como mineração, infraestrutura e logística, têm sobre as regiões em que se localizam o efeito multiplicador de impactos interdependentes: econômicos (com efeitos diretos, indiretos, induzidos e fiscais sobre as economias regionais e locais); ambientais (pelas modificações no sistema ecológico); sociais (por meio de transformações nos mecanismos de distribuição de renda e de riqueza); urbanos (gerados por intensos fluxos migratórios que pressionam as frágeis estruturas urbanas), entre outros.

Para que qualquer empreendimento seja realmente sustentável, demanda-se no Brasil uma nova relação entre empresa e Estado, na qual as políticas públicas se articulem efetivamente com as empresariais.

Além disso, o compromisso com a sustentabilidade deve ser incorporado definitivamente à raiz da cultura empresarial e não ser algo imposto pela opinião pública ou pelos mercados. O novo paradigma de desenvolvimento com base em uma economia verde, a ser debatido na Rio+20, traz evidentes benefícios para a coletividade.

A meta é o bem-estar de toda a sociedade em harmonia com o planeta, e o meio empresarial tem de estar engajado nessa ampla discussão.

RINALDO CÉSAR MANCIN é diretor de assuntos ambientais e diretor-presidente interino do Ibram.

fonte: folha de sp