MAURICIO STYCER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O sucesso de um reality show depende, entre outros ingredientes, de um acordo tácito entre os participantes e o público a respeito da farsa encenada.

A esta altura, ninguém mais espera “realidade” de um programa deste tipo, mas personagens convincentes.

A oitava edição de “O Aprendiz” falhou gritantemente neste aspecto. João Doria Jr., o comandante da atração -cuja final foi ao ar ontem-, apostou numa interpretação de homem mau que pode ter agradado aos mais sádicos, mas resultou cômica e, ao fim, desastrada.

Acusou participantes de terem tomado “chá de imbecilidade”, chamou uma candidata de “grã-mestre da mediocridade” e disse que outro não falava inglês, mas se comunicava como “macaco”.

Numa das provas, reprovou candidatas que ousaram trocar tela de Romero Britto pela de um artista que ele simplesmente desconhecia.

Na final, trocou Macapá por Amapá, chamou um patrocinador pelo nome de um concorrente e elogiou todos os candidatos que havia ofendido por três meses.

O contraste com a imagem que sempre cultivou, de almofadinha instruído, foi gritante demais. Somado a um time de candidatos selecionados por um discípulo de Brancaleone, o programa resultou pífio. Deu saudades de Britto Jr. em “A Fazenda”.

fonte: folha de sp