Uma zona de conservação marinha fechada à pesca comercial ajuda a salvar as espécies de peixes cuja proteção é visada – ou ao menos seria essa a esperança. Mas e quanto aos pássaros ou outros predadores que se alimentam das espécies protegidas?

Se os peixes têm alcance oceânico e não se limitam à área protegida, não está claro que protegê-los ajude os predadores que vivem na mesma região. Os peixes podem estar presentes um dia e ausentes no seguinte. Mas um estudo publicado pela revista Biology Letters sugere que até mesmo uma área de proteção relativamente pequena pode ter impacto positivo sobre um predador de primeiro nível, no caso o pinguim africano, uma espécie em risco.

Lorien Pichegru, da Universidade da Cidade do Cabo, e seus colegas estudaram os efeitos do fechamento dos pesqueiros de sardinhas e anchovas localizados a 20 km de uma colônia de pinguins na costa sul-africana. Eles instalaram rastreadores em alguns pinguins da colônia e em espécimes de uma colônia localizada fora da área de proteção.

Constataram que, três meses depois do fechamento das áreas à pesca, os pinguins da zona protegida precisavam nadar menos para encontrar peixes para seus filhotes, e economizavam energia ao reduzir em 25% a duração de suas jornadas de alimentação. Os pinguins de fora da área, por outro lado, tinham de dedicar em média 15% mais de seu tempo às viagens de alimentação.

Os pesquisadores afirmaram que seu estudo demonstra que uma pequena área de proteção pode ter forte efeito e, acrescentaram, ser mais palatável para as operações comerciais de pesca.

Tradução: Paulo Migliacci ME
The New York Times