Goretti Ramos*

Recentemente, os olhos do mundo foram voltados ao Haiti, País devastado pelo terremoto, uma tragédia sem precedentes. Milhares e milhares de pessoas sem teto, sem chão, sem luz, sem dignidade. E já não haviam muitas condições antes desse evento catastrófico, uma vez que o Haiti parece ter sido escolhido como o “País das Dores”. Já existia um árduo trabalho de reconstrução do País organizado e liderado pela ONU, com a ajuda de vários países, destacando-se, dentre estes, o BRASIL.
A Tragédia Haitiana lembra muito bem, as proféticas palavras bíblicas de Jesus, o Nazareno: “Não restará pedra sobre pedra…” Incrível não! todavia, seria muita pretensão atribuí-la ao destino divino, tal qual à Mãe Natureza, agora, vilã das catástrofes naturais…

E eu lhes pergunto: Por que não se dar mais atenção à problemática questão dos terremotos, maremotos, tsunamis, placas tectônicas, etc e tal? Por que não darmos ouvidos aos especialistas? E para que serve a Ciência, afinal de contas? Assim, culparíamos menos a Deus, ao Pai e ao Espírito Santo, e a Mãe Natureza, e agiríamos mais depressa nessas situações previsivelmente imprevisíveis. O que aconteceu no Haiti é fato. Aconteceu. Aconteceu. Não adianta lamentar…

E mais uma vez, trago a conversa para meu ladinho ambiental, alertando-lhes com a teoria da plena conexão de nossos atos às manifestações do meio ambiente em que vivemos hoje, agora, já, aqui. Sei que esses fenômenos relativos às acomodações das placas tectônicas podem acontecer com mais seriedade em algumas regiões do Planeta, porém, a ação do homem também pode interagir em outros fenômenos, como afirmam os cientistas ambientais.

É que não dá mais para ficar somente esperando o que virá, não dá… Está na hora do Agora ou Nunca. E quantas vidas foram ceifadas, quanta miséria, quanto desespero. Assistir às cenas pela TV é como um martírio, como uma certa inconformação camuflada, comedida. Até me senti culpada por viver feliz, num lar feliz, com água potável, geladeira com alimentos, banheiro com ducha para banho, roupas para vestir, sorriso para estampar no rosto. Como é possível esses dois extremos num mesmo Planeta?

Enquanto os desabrigados se esbofeteiam na fila da fome e do desalento, aqui, em nossa vidinha de faz de conta, os shoppings e lojas estão lotados de consumidores, famintos pelo TER. Nos restaurantes, comida à vontade para ser desperdiçada pelo nosso “fino gosto”. Na feira, as frutas e verduras “feinhas” mas não estragadas são jogadas no lixo… com pouco reaproveitamento (diga-me onde são reaproveitadas em nosso país que, com toda alegria, corrigirei esse parágrafo). E acima de tudo, alguns de nós, podemos compartilhar da CIDADANIA e da SOLIDARIEDADE, aliás, esse sentimento que se concretiza em gestos concretos é o que de mais precioso o povo haitiano necessita: DE SOLIDARIEDADE.

Neste mesmo contexto, quero aqui expressar minha homenagem e gratidão à Cidadã ZILDA ARNS, essa pessoa especial que o Universo nos presenteou (Deus, evidentemente) e nos mostrou o verdadeiro sentido dessa palavra de treze letras e milhões de beneficiados. Essas pessoas especialmente enviadas não poderiam ter uma vida simplória na humanidade. Até o último milésimo de segundo de sua vida aqui no Planeta, Zilda viveu para servir aos outros. E como poderiam morrer esses heróis da Vida? Bravamente, brilhantemente…servindo…como MADRE TEREZA DE CALCUTÁ, FRANCISCO DE ASSIS, IRMÃ DULCE, GANDHI, TERESA DE LISIEUX…Santos e Humanos ao mesmo tempo, um misto de doação e Amor, Ah, sim, o verdadeiro Amor!

Agora, o mundo se une e reúne com a finalidade de ajudar às vítimas do terremoto. Mas é preciso, acima de tudo, formarmos uma corrente permanente do BEM, que não deve passar como as ondas do mar, que vem e vão… É preciso cuidar do filhos da Terra, mas, se a Terra estiver desorganizada, outras catástrofes virão, e bem mais fortes do que esta. ACORDA PLANETA!

Para quem quiser ajudar de verdade, mesmo de longe, faça doações às organizações idôneas, a exemplo dos Médicos sem Fronteiras (www.msf.org.br/haiti/) e tantas outras espalhadas por todos os Estados do Brasil.

Alimentos não perecíveis, roupas, medicamentos e água potável serão muito bem vindos neste momento.

* Goretti Ramos é Bacharela em Direito pela UFCe e especialista em Direito Ambiental pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), cuja pesquisa concentra-se na Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. (http://blig.ig.com.br/blogdagoretinha/)