Segundo a FAO, retomada da demanda por commodities agrícolas para alimentação e produção de energia e os custos mais altos dos insumos com base na alta do petróleo podem provocar um novo salto dos preços dos alimentos
A retomada da demanda por commodities agrícolas para alimentação e produção de energia e os custos mais altos dos insumos com base na alta do petróleo podem provocar um novo salto dos preços dos alimentos, afirmou nesta quinta-feira a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Os preços dos alimentos recuaram das máximas de 2008 devido à contração econômica mundial, mas permaneceram acima dos níveis vistos antes do pico e devem permanecer altos pelo menos no médio prazo, afirmou a FAO, confirmando estimativas anteriores.
“Ao mesmo tempo, vários fatores fundamentais atualmente latentes podem provocar um retorno a preços de alimentos ainda mais altos”, disse a FAO em seu relatório anual sobre a Situação da Agricultura e dos Alimentos, sem dar mais estimativas precisas.
O renovado crescimento da renda em países em desenvolvimento vai alimentar a recuperação da demanda e elevar os preços das commodities e dos alimentos, ameaçando a segurança alimentar, especialmente para os pobres, disse a FAO.
A crescente demanda por biocombustíveis provocada por metas obrigatórias e incentivos em alguns países “sem considerar as condições de mercado” vai elevar os preços do milho e de óleos vegetais usados como matéria-prima para biodiesel e etanol e, por sua vez, das commodities agrícolas.
Preços mais altos do petróleo vão se traduzir em custos de produção elevados para produtores já que os preços dos produtos químicos e fertilizantes, assim como os custos do transporte, vão subir.
O Índice de Preços de Alimentos da FAO, que mede as mudanças mensais de uma cesta composta por cereais, oleaginosas, laticínios, carnes e açúcar, atingiu uma máxima de 15 meses em janeiro e dezembro, mas cerca de 20 por cento abaixo do pico de junho de 2008.
A FAO afirmou ainda que a produção agrícola deve subir 12 por cento em países industrializados nos próximos 10 anos em relação a 2000, enquanto que na América Latina, Ásia e ex-membros da União Soviética crescerá 75, 53 e 58 por cento, respectivamente.
A agência alertou ainda que medidas protecionistas, incluindo restrições às exportações adotadas por alguns países durante a última crise alimentar, vai desestabilizar os mercados e elevar os preços internacionais dos alimentos, tornando-os mais voláteis.
Mesmo o acúmulo de estoques por países, empresas e produtores individuais pode causar altas de preços, ainda que no longo prazo níveis mais altos de estoques ajudem a reduzir os preços, disse a FAO.
Segundo a FAO, o mundo precisa investir 83 bilhões de dólares por ano em agricultura em países em desenvolvimento, além de elevar a produção geral em 70 por cento nos próximos 40 anos para alimentar mais de 9 bilhões de pessoas em 2050.
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