Governador do Rio afirma que vai propor limites aos gestores públicos

Peemedebista diz que não há relação entre o benefício à Michelin com a doação feita pela empresa à campanha

DO RIO

O governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), afirmou ontem que quer “rever” sua conduta na relação pessoal com empresários e sinalizou com a criação de um “código” para estabelecer limites aos gestores públicos.
O peemedebista disse, porém, que sempre separou a “vida privada” da “pública”.
“Jamais tomei uma decisão sequer da minha vida pública misturando com a minha vida privada. Há de fato uma discussão sobre isso. E quero assumir também esse debate de um código de conduta, quais são os limites.”
As declarações foram dadas em entrevista à rádio CBN, a primeira desde o acidente do dia 17, que revelou sua relação próxima com empresários.
Ele pediu emprestado jatinho de Eike Batista (cujas empresas têm obras a serem licenciadas no Rio) para ir à Bahia comemorar aniversário de Fernando Cavendish, dono da Delta -empreiteira com cerca de R$ 1 bilhão em contratos com o Estado.
Cabral afirmou que pediu ao chefe da Casa Civil, Régis Fichtner, que debata com os deputados estaduais a criação do código de conduta. Citou como exemplo regra federal criada no governo FHC.
Ele achou “absurdo”, contudo, relacionar a amizade com Cavendish, “anterior ao meu mandato”, e o aumento no volume de contratos entre a Delta e o governo:
“Vem ocorrendo no Rio crescimento econômico e um volume de obras que aumentou muito no nosso governo. A Delta tinha 80% de seu faturamento há 11 anos atrás no Rio. Hoje tem menos de 25%”, disse o governador à rádio CBN.
Ele considerou uma “ilação absolutamente desrespeitosa” vincular o benefício dado à Michelin com a doação feita pela empresa à sua campanha de reeleição.
A Folha revelou que decreto de Cabral autorizou à fabricante de pneus acesso a financiamento de R$ 1 bilhão dois meses após receber R$ 200 mil para sua campanha.
“A Michelin tem quatro grandes fábricas no Rio. Duas fomos nós que trouxemos. E conseguimos uma coisa muito importante para o Rio. A Michelin tem o Guia Verde. Nunca uma cidade da América Latina havia recebido um guia desses. Nós conseguimos. “Ah, isso tem a ver com o apoio dado na campanha”. Pelo amor de Deus.”

fonte: Folha de SP