Eduardo Van (*)
As chuvas intensas têm causado estragos de grandes proporções, como alagamentos, enchentes, deslizamentos em vários Estados, além de doenças. As regiões Sul e Sudeste estão entre as mais afetadas. Só a cidade de São Paulo registra em janeiro o mês mais chuvoso em 60 anos, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Todos os problemas causados pela chuva são ainda mais agravados quando falamos no lixo nas ruas, que entopem bueros e geram grandes alagamentos.
Nesse período de caos, basta olhar os rios e córregos que transbordam sujeira, especialmente sacolas plásticas e garrafas pet. A conseqüência do descarte incorreto é o entupimento das galerias pluviais urbanas, que impede que a água escoe livremente. Assim, é comum acontecer alagamentos próximos aos locais com pouco escoamento das águas da chuva. Para piorar, doenças como a leptospirose também são frequentes nas regiões afetadas.
Em seminários de que participo, tenho sempre discorrido sobre o papel que cada um de nós, cidadãos, governantes e empresas, devemos ter. Não é um trabalho individual, mas em conjunto; é uma cadeia. Porém, é verdade, as ações precisam começar individualmente…. O start pode ser feito dentro da sua casa, no manejo do lixo orgânico, na separação dos materiais para reciclagem, no consumo consciente.
Você acha que está fazendo sua parte? Vejamos. Quando você vai ao supermercado, por exemplo, carrega uma sacola reutilizável (de pano) na bolsa ou no carro para fazer as pequenas compras? Na farmácia, dispensa um saquinho na hora de guardar uma cartela de comprimidos? Se sua resposta for não, sugiro uma reflexão. Só use as sacolas quando for realmente necessário. Elas são muito úteis e práticas, mas devemos consumir de forma consciente e sem desperdício.
No curto prazo, podemos pensar – e exigir – políticas públicas consistentes para promover a reciclagem, que evitariam tanta sujeira nas ruas e rios durante as chuvas. Como a reciclagem parece não decolar de vez no Brasil, outra alternativa seria o uso de sacolas reutilizáveis, que dispensa a sacolinha plástica. Outros materiais que têm sido adotados em grande escala no mundo são as embalagens biodegradáveis (de origem orgânica como amido de milho e mandioca, destinadas à compostagem) e as oxi-biodegradáveis (com aditivo que acelera o tempo de degradação do plástico).
Todas essas escolhas são um primeiro passo para a redução dos plásticos na natureza. A ideia, claro, não é acabar com os plásticos, mas sim, criar uma consciência nas pessoas e nas indústrias quanto à utilização e descarte. O exemplo cabe a cada um de nós. Dizer que o problema do lixo é só do prefeito da nossa cidade é um grande equívoco. Hoje já existem alternativas para amenizar o excesso do consumo do plástico ou combater seu descarte no meio ambiente. Qualquer opção que for escolhida por você, acredite, fará uma grande diferença.
(*) Eduardo Van Roost é diretor da Res Brasil, empresa especializada em embalagens com ciclo de vida útil controlado