Para ajudar famílias que querem ser mais ecológicas, consultores armados de escadas e dispositivos curiosos estão vendendo conselhos sobre eficiência energética, qualidade do ar em ambientes fechados e até métodos para criar um guarda-roupa “ecoconsciente”.

George Bryson e Alina Sanchez estão entre os usuários do serviço. Eles contrataram um consultor para lhes dizer o que poderiam fazer em sua casa para ajudar o meio ambiente e, apesar de terem se saído bem no uso da energia, foram reprovados por desperdiçar água.“Costumo pensar muito sob o chuveiro”, justificou Sanchez. (Afinal descobriu-se que a culpa pelo desperdício era dos borrifadores do jardim.) O campo de ecoconsultores pessoais e domésticos é relativamente novo. A GenGreen, empresa do Colorado, EUA, lista pouco mais de 3 mil consultores ambientais em seu site gengreenlife.com, contra 657 quando o banco de dados foi iniciado, em 2007.

Eles incluem auditores energéticos, especialistas em saúde e bem-estar, decoradores e “ecocorretores”, agentes imobiliários especializados em casas “verdes”. Enquanto Estados americanos como Nova York têm programas de auditoria energética com regras e requisitos, não há padrões setoriais para a maioria dos ecoconsultores, que podem variar de engenheiros ambientais a autodidatas. Também há debates sobre se a ação individual importa alguma coisa. Nenhuma ação individual poderia se comparar, por exemplo, à redução de emissões resultantes do fim da dependência governamental dos combustíveis fósseis, disse Michael Shellenberger, presidente do Breakthrough Institute, grupo de pesquisas na Califórnia.

Ele afirma que o impacto das reduções individuais nas emissões é irrelevante, de modo geral. “As pessoas apenas querem se sentir bem consigo mesmas”, disse. Urvashi Rangan, diretor do greenerchoices.org, site que dá informações sobre produtos e marcas ecológicas, disse que os donos de casa deveriam ter cautela ao contratar um consultor e devem pesquisar e decidir em que áreas querem se concentrar, antes de pagar por uma visita que pode custar centenas de dólares.

Bryson e Sanchez são empresários na faixa dos 40 anos que têm uma casa de três quartos em Los Angeles e que reciclam seu lixo. Eles contrataram Jason Pelletier, cofundador da Low Impact Living, para identificar o que poderiam fazer para ser mais responsáveis ambientalmente. A empresa, criada há três anos, oferece consultoria ecológica e tem um site na web de recursos verdes. O casal estava pensando em fazer isolamento térmico da garagem e se perguntou sobre as opções mais ambientais. Frank Ackerman, economista do Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo, organização de pesquisa afiliada à Universidade Tufts, de Massachusetts, disse que não há uma “ordem” de prioridades para todo o mundo, porque muito depende de onde e como as pessoas vivem. Ackerman está coescrevendo um guia do consumidor sobre as ações que mais beneficiam o meio ambiente, com a organização sem fins lucrativos União de Cientistas Preocupados.

Sanchez e Bryson disseram entender os limites da ação individual, mas que ainda assim queriam fazer alguma coisa. Depois de estudar o relatório de Pelletier, estão reprogramando os borrifadores do jardim para reduzir o consumo de água, assim como considerando o transporte solidário e um aquecedor de água solar, que segundo Pelletier poderá custar US$ 2.500. “Eu acho que tem mais a ver com viver de modo responsável, mesmo que eu não possa sozinho mudar nosso impacto”, disse Bryson. “É fazer o que é certo”, acrescentou Sanchez.

Mireya Navarro
Folha de S. Paulo