O Brasil tem condições privilegiadas para liderar a conferência Rio+20, que será sediada no Rio de Janeiro no ano que vem, assumindo papel de destaque nas discussões em torno de novo padrão de desenvolvimento, baseado na economia verde. A avaliação foi feita pelo subsecretário geral das Nações Unidas Achim Steiner, que também é o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em audiência na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), nesta terça-feira (26).

Como ainda possui grande número de pobres, o Brasil necessita dirigir o foco de suas políticas ao crescimento econômico, como observou Steiner. Ainda assim, ele ressalvou que o país busca isso já atuando na transição para o desenvolvimento sustentável, ainda que de forma incompleta. Como exemplo positivo, ele destacou que 46% de toda a energia produzida no Brasil provêm de fontes renováveis. Também citou o crescimento das práticas de reciclagem de plásticos e outros materiais.

– São exemplo de iniciativas de economia verde que podem ser implementados em qualquer país e o Brasil já está nesta trilha há alguns anos – afirmou.

Por sugestão do presidente da CMA, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), a audiência foi realizada para debater as perspectivas da economia verde no Brasil e no mundo e também tratar da realização da Conferência Rio+20 e discutir sob o ponto de vista da sustentabilidade os dois grandes eventos esportivos programados para o Brasil: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Caminho longo

Na avaliação de Steiner, as nações ainda continuarem buscando o desenvolvimento de forma antiga. No entanto, ele acredita que, pela primeira vez na história, os seres humanos possuem meios para produzir e consumir sem causar tantos impactos sobre os ecossistemas. De todo modo, o diretor da PNUMA reconhece que a caminhada para um padrão de desenvolvimento sustentável no mundo ainda será longa.

Segundo ele, o desafio será conciliar desenvolvimento sem poluição, com produção de energia, bens e alimentos de forma limpa, mas não apenas isso. O entendimento é de que a sustentabilidade envolve também aspectos sociais, sobretudo a segurança alimentar e a provisão de empregos para os indivíduos em escala global.

– Se quisermos avançar no combate à pobreza, não iremos longe sem pensar a questão no contexto da economia verde – comentou.

O diretor-executivo da PNUMA disse que outro pilar da economia verde é busca pela eficiência no aproveitamento dos recursos naturais. Como exemplo negativo, ele citou os sistemas de pesca industrial nos mares. Como observou, cerca de 60% do peixe e outros espécimes colhidos acabam devolvidos às águas, mas então já sem vida.Além disso, lembrou que aproximadamente um terço de toda comida produzida é descartada nas lixeiras.

– Temos de nos conscientizar de que há muito desperdício – ressaltou.

Jornalista Artur Hugen
MTb 11725