Recentemente, Donald Trump, presidente dos EUA anunciou novos procedimentos para brasileiros entrarem nos EUA. Porém, o ministro do Turismo do Brasil, Marx Beltrão, defende a dispensa de vistos para países estratégicos: EUA, Canadá, Japão e Austrália. Ele sustenta, com base em estudos da Organização Mundial do Turismo, que a medida pode injetar até R$ 1,4 bilhão na economia brasileira. Numa entrevista concedida à Agência de Notícias do Turismo (ANT), o ministro aborda ainda questões sensíveis como a segurança e o risco migratório.
Apesar do presidente dos EUA, Donald Trump, criar novos procedimentos mais duros para os brasileiros entrarem no país, Beltrão explica que abrir as portas para os estrangeiros movimenta a economia do Turismo Brasileiro “Se eles optaram por criar barreiras para turistas de diversas nações entrarem e movimentarem a economia norte-americana, porque sofre enorme pressão migratória, melhor para os outros destinos. No caso do Brasil, queremos gerar emprego e renda para a população. Atualmente temos mais de 12 milhões de brasileiros procurando emprego.” E completa dizendo que a dispensa do visto não coloca o país em desvantagem política com outros países.  “Como ministro do Turismo do Brasil quero intensificar ao máximo o fluxo de visitantes nos nossos destinos com visitantes nacionais e internacionais”, explicou.
A liberação do visto não é permanente. O ministro ressaltou que a proposta do Ministério do Turismo é fazer um teste por um período experimental de dois anos e medir o impacto. “Cada visitante, pela nossa proposta, pode ficar apenas 90 dias no nosso país. Caso a dispensa não movimente a economia como esperamos, o governo pode recuar e voltar a exigir os vistos”, declarou.
Além disso, foram criados alguns critérios migratórios: histórico positivo no envio de turistas ao Brasil, elevado gasto de turistas no Brasil; baixo risco migratório; baixo risco para a segurança nacional
O ministro Marx Beltrão também argumentou que de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), as medidas de facilitação de viagens, como a dispensa do visto, podem gerar um aumento de até 25% no fluxo dos destinos envolvidos. “Usando como base este estudo e o histórico dos gastos dos turistas dos países beneficiados, projetamos uma receita de até R$ 1,4 bilhão com a medida em dois anos”, explicou.
Com históricos mais concretos indicou a movimentação dos turistas no Brasil durante o período das Olímpiadas e Paraolímpiadas “Nos Jogos Olímpicos fizemos um teste e tivemos um resultado muito positivo, mesmo em um curto espaço de tempo. Isentamos os vistos de americanos, canadenses, australianos e japoneses por um período de 4 meses. Dos 163.104 turistas dessas quatro nacionalidades que entraram no país, 74,06% usaram a dispensa do visto e mais de 85% disseram que a manutenção da isenção de vistos facilitaria um retorno ao país. Estes estrangeiros deixaram US$167,7 milhões na economia nacional, aproximadamente 8,68 vezes a mais que o valor que o Brasil deixou de arrecadar em taxas consulares”, disse.
Ele explicou ainda que nem todos os estrangeiros precisam de visto para entrar no Brasil, pois existem acordos bilaterais com mais de 90 países pelo mundo. “Não exigimos vistos dos turistas de países da União Europeia, de toda a América do Sul, da África do Sul, México, Rússia, Israel, entre outros, que são grandes emissores de turistas”, falou.
Quanto a segurança do país ele admite que não há nenhum problema, pois as pessoas estão confundindo o visto com facilitação consular. “O visto consular nada tem a ver com risco à segurança nacional, mas está ligado à prevenção de risco migratório. É fundamental que as pessoas saibam que existe um importante e exitoso trabalho sendo realizado pela Polícia Federal em nossos aeroportos e fronteiras. É da PF a responsabilidade por fazer o controle da entrada de estrangeiros ao país. Eles trabalham de forma integrada com outras forças internacionais, como a CIA e a Interpol, e têm listas nacionais e internacionais de verificação de cidadãos que apresentam risco à segurança nacional. A triagem é feita em todas as pessoas que entram no país, com ou sem visto. Há uma série de recursos tecnológicos à disposição para controlar de forma efetiva a entrada de estrangeiros.”, argumentou.
Em referência ao terrorismo, ele também defende que a isenção de vistos não afetará o Brasil neste sentido e é preciso desfazer esse mal-entendido. “Se pegarmos como exemplo os atentados que chocaram o mundo, como o de Nice, Paris, ou antes, os atentados cometidos nos Estados Unidos, veremos que os autores eram cidadãos, em sua grande maioria, europeus, dos quais não se exige visto para entrar no Brasil. Por outro lado, não há registro histórico de atos terroristas praticados por nenhum cidadão dos países que serão contemplados pelo projeto que estamos defendendo – Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão”, concluiu.

Fonte: Com informações, de Darse Júnior/Ascom/Ministério do Turismo