O Espírito Santo possui múltiplas ofertas de atrativos naturais, que se diversificam do norte ao sul e do leste ao oeste do Estado. As opções variam de mar à montanha, das águas turvas dos manguezais às águas cristalinas das lagoas, de serras antigas cobertas por matas inexploradas a pontões rochosos, entre outros vários chamarizes que, em cada região do Estado, possuem características paisagísticas singulares que dão ao turista vastas possibilidades de apreciar a natureza da maneira que preferir.

Iniciando a viagem pelo sul do Estado, encontramos um dos grandes patrimônios naturais do Brasil: o Parque Nacional do Caparaó, que abriga o Pico da Bandeira, terceiro mais alto do país, com 2.890m de altitude. A portaria oficial do parque está situada no município de Dores do Rio Preto, que, além do trekking para o Pico da Bandeira, a localidade oferece a trilha da Pedra da Menina. O convite ao encontro com um verdadeiro santuário ecológico colorido pela fauna e flora é feito pelos cantos dos pássaros e outros sons da natureza que criam uma ambiente de paz, harmonia e equilíbrio.

Seguindo em direção à região central do Espírito Santo, é possível deparar-se com belíssimos cenários contraditórios, aonde o mar, de um lado, é repleto de vida marinha e as montanhas, de outro, ricas pela Mata Atlântica nativa. Nesta região, o turista tem a oportunidade de aproveitar a praia pela manhã e, à tarde, refrescar-se numa deliciosa cachoeira.

Guarapari, cidade próxima da capital, Vitória, é um dos balneários mais conhecidos do Espírito Santo, possuindo 46 praias e enseadas de grande beleza. O mar da região é de águas relativamente claras, possuindo condições de visibilidade e temperatura próprias para a prática de mergulho durante quase todo o ano. Além da pureza das águas, o local possui grande biodiversidade marinha, com direito a mergulho em recifes, ilhas e naufrágio artificial. A região é reconhecida nacionalmente em função da variedade de ecossistemas que concentra fauna e flora recifais representativas. Não é à toa que a cidade foi reconhecida em 1997, pelo XII Congresso Brasileiro de Ictiologia, como “o local com maior biodiversidade de peixes recifais e algas do Brasil”.

Saindo do clima quente do litoral, em menos de 1 hora se chega ao frescor das montanhas, aonde são incontáveis as opções de lazer. Nesta área estão localizados os Parques Estaduais de Pedra Azul, em Domingos Martins, e o de Forno Grande, em Castelo, que são passeios obrigatórios para quem curte uma boa caminhada ecológica, contemplando a beleza dos locais, que, sem dúvida, é inesquecível. Não se pode esquecer que a visita aos parques deve ser agendada junto ao Instituto Estadual de Meio Ambiente – IEMA com pelo menos um dia de antecedência.

Para aqueles que se destinam à ventura de ser radical, a Região das Montanhas Capixabas e seu entorno apresentam vários pontos para a prática de esportes de aventura, tais como: o rafting, feito no Rio Jucu, em Domingos Martins; o vôo livre, na rampa de Castelo, sede de campeonatos internacionais; o rapel, na Cachoeira de Matilde, em Alfredo Chaves, que possui cerca de 65m de altitude; além de trekking, off-road, motocross e várias outras atividades que podem ser realizadas em diferentes lugares desta porção serrana capixaba.

Aos aventureiros e mais sossegados amantes da natureza, as opções não param por aí! Ainda na área de montanhas, o caminho pelas belezas naturais se encontra com as tradições culturais de imigrantes europeus e africanos, proporcionando aos espaços ainda mais potencialidade para a prática turística. A região das Três Santas, assim popularmente conhecida em função da junção dos municípios de Santa Teresa, Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá, além de apresentar um caldeirão de tradições culturais preservadas, abriga uma enorme diversidade ecológica mantida pelas reservas florestais, com indescritíveis vales, cachoeiras, rochedos, raras orquídeas e colibris, e o Museu de Biologia Professor Mello Leitão, que possui acervo científico de plantas e animais. Constantemente, os vários remanescentes de mata atlântica recebem os praticantes de observação de pássaros e plantas.

Seguindo a viagem a diante, o litoral norte capixaba, conhecido como a Região do Verde e das Águas, surpreende pela imensa potencialidade ecoturística. É incrível a reunião paisagística deste local que, como o próprio nome já diz, reserva surpresas a serem descobertas tanto na mata atlântica, quanto na diversidade hidrográfica.

Já no ponto de partida da região, em Aracruz, além das belas praias, o turista se depara com as águas salgadas do 5º maior manguezal da América do Sul, que encanta por ser refúgio de várias espécies de animais, como as garças brancas e os caranguejos. É comum a prática de pesca esportiva nesta área e, ainda, a realização de passeios turísticos com escunas que chegam a um bar flutuante ancorado no meio do rio Piraquê-Açu.

Logo depois, uma parada em Linhares é obrigatória! Um pedaço único do Espírito Santo reúne o maior complexo lagunar do país, com 64 lagoas, entre elas a Juparanã, maior lagoa em volume de água do Brasil. As lagoas compreendem dezenas de praias de areias finas e brancas e águas cristalinas e serenas, propícias à prática de esportes náuticos.

E por falar em esporte, a praia de Regência, ainda em Linhares, atrai surfistas de várias regiões, não só pelas condições das ondas, como também pela característica da vila, que é pacata e cheia de tradições culturais preservadas pela comunidade local. É lá que se encontra a melhor e estruturada base capixaba do Projeto Tamar, que incentiva a consciência à educação ecológica, em especial, sobre as centenárias tartarugas marinhas.

O projeto oferece ao turista chance de ver de perto o trabalho de preservação das mais variadas espécies de tartarugas marinhas, possuindo bases também nos municípios de São Mateus e Conceição da Barra, sendo neste último que se concentra o Parque Estadual de Itaúnas. Com uma área de aproximadamente 3.600 hectares, o parque apresenta ecossistemas de diferentes tipos, como mata atlântica, tabuleiro, praia, rio, manguezal, restinga e alagado, além de abrigar fauna variada com espécies ameaçadas de extinção. Com uma visita guiada pela equipe do IEMA, o turista pode entrar em contato direto com a natureza presente neste local.

Dos 25 km de extensão de praia pertencentes ao parque, 3 km contemplam infraestrutura básica destinada ao público em geral que se encanta ao deparar-se com o contraste das montanhas de areias finas e brancas junto à entrada da praia. As dunas de Itaúnas formam um sítio arqueológico, cobrindo gerações passadas ali vividas, representando um importante papel nas pesquisas históricas. Após um dia recheado de atrações oferecidas pela mãe natureza, o fim de tarde introduz a noite famosa de Itaúnas pelo ritmo contagiante do forró. O som da zabumba, do triângulo e da sanfona ecoa desde as areias da praia, passando pelas dunas até chegar ao vilarejo, convidando o turista para avançar na madrugada dançante. É Itaúnas, a Terra do Forró! Terra que marca presença em várias letras de músicas e promove grandes festivais e circuitos, chamando a atenção de turistas de toda parte.

Mas se a opção é um local mais bucólico e deserto, Conceição da Barra ainda assim é o local ideal, pois é lá que está localizada a praia do Riacho Doce, a segunda praia deserta mais bonita do Brasil, recentemente eleita pelo site Viaje Aqui, em parceria com a revista Viagem e Turismo e o Guia Quatro Rodas.

Essa viagem ecoturística capixaba termina nesta praia que é considerada um oásis na aridez, escondida por florestas e cortada por pequenos rios de águas turvas. Mas a jornada ainda pode ser prolongada, pois o Espírito Santo reserva inúmeras surpresas a serem descobertas a cada instante. Seja por terras bem estruturadas ou inexploradas, as oportunidades do turista conhecer algo novo e inesquecível são imensas e vão muito além do que se pode imaginar.

Revista Ecoturismo
Nathália é colaboradora da gerência de estudos e negócios turísticos da Setur/ES