Olimpíada de 2016 no Rio é a mais recente empreitada; grupo planeja abrir escritório em São Paulo em 2012

Companhia criada por italiano há 50 anos no país atuou em eventos como o Rock in Rio e visitas de João Paulo 2º

Paula Giolito/Folhapress
Abel Gomes (direita) e o sócio Flavio Machado em frente à árvore de Natal da Lagoa (Rio)

CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO

Réveillon em Copacabana, Fórmula 1 no Brasil e Olimpíada de 2016 no Rio. Esses são alguns dos eventos a cargo das companhias de que o cenógrafo Abel Gomes, 60, que rejeita o rótulo de “empresário”, é sócio.

A SRCOM -criada em parceria com a mulher, Sheila Roza, 59, e o enteado Flávio Machado, 35- e a P&G Cenografia atuaram também em shows como o Rock in Rio, em visitas do papa João Paulo 2º ao país e na montagem da árvore de Natal da Lagoa, no Rio de Janeiro.

Mas Gomes resiste a comentar os detalhes comerciais dos trabalhos, embora admita interesse em abrir escritório em São Paulo em 2012 para estar mais próximo de clientes. “Se você procura um homem de negócios, está falando com a pessoa errada. Meu foco é a criação”, diz.

Gomes veio da Itália aos dez anos, de navio, com a família. “Meu pai veio tentar a vida. Cheguei muito novo e me considero carioca.”

Ainda garoto, vendia groselha na rua “para ganhar um dinheirinho”. Adolescente, teve emprego em um escritório de contabilidade até passar, por acaso, em frente a uma escola de desenho, da qual se tornou sócio com menos de 18 anos.

Trabalhou com teatro, cinema, gravadoras e televisão -fez a cenografia de programas como “Planeta dos Homens”, “Chico City” e “Plunct Plact Zoom”, na Globo.

Para participar da concorrência para produzir as cerimônias de abertura e de encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos (a grafia não inclui mais o primeiro “o” de “olímpicos”) de 2016, a SRCOM formou um consórcio com uma empresa italiana, a Film Master Group, que atuou nos Jogos de Inverno de Turim em 2006.

Esse consórcio vai originar uma companhia, a Cerimônias Cariocas 2016, com 50% do capital pertencente à empresa brasileira e 50% à italiana. “Toda a criatividade virá de talentos brasileiros”, diz Marco Balich, presidente da Film Master Group, sem antecipar detalhes. “Vou ajudar a concretizar as coisas.”

De acordo com o comitê organizador dos Jogos do Rio, o custo estimado das cerimônias olímpicas (de abertura, encerramento e revezamento da tocha) é de R$ 250 milhões -valor que deve ser revisto em 2012. E as cifras do exterior reforçam a dimensão milionária dos eventos.

Estima-se que as quatro cerimônias dos Jogos de Londres de 2012 -duas olímpicas e duas paralímpicas, de abertura e de encerramento- custem entre € 80 milhões e € 90 milhões.

As de Pequim, em 2008, superaram € 200 milhões, também segundo estimativas. E as de Atenas, em 2004, chegaram a € 140 milhões.

“A abertura dos Jogos é o evento mais visto do mundo, por 2,5 bilhões de pessoas”, diz Machado.

fonte: folha de sp