Após a Carmargo Corrêa e Odebrecht desistirem de participar do leilão da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, o governo tenta às pressas convencer algum outro grupo empresarial a competir com o único consórcio que registrou-se para a licitação, formado pela Andrade Gutierrez, a Neoenergia (associação entre a Iberdrola, a Previ e o Banco do Brasil) e dois autoprodutores de energia: a Vale e a Votorantim.

Segundo reportagem de Márcio Aith e Agnaldo Brito, publicada pela Folha de São Paulo, uma alternativa para o governo era a de estimular a formação de um consórcio integrado pela Alupar, pela Bertin e pela construtora OAS. A Folha tentou ontem, sem sucesso, contato com a direção das três empresas.

O mercado tem dúvidas sobre a capacidade financeira desse eventual consórcio de disputar o projeto da hidrelétrica de Belo Monte, estimado em R$ 19 bilhões.

Outra alternativa do governo para liderar um terceiro consórcio, o grupo Suez também não apresentou proposta para se associar à Eletrobras, embora não descarte futura participação, “apesar de ser um projeto muito grande e ainda sem garantias de viabilidade”, disse à Folha o presidente da empresa no Brasil, Maurício Bahr.

Desistência
Ontem, conforme foi antecipado pela Folha Online, as construturas Carmargo Corrêa e Odebrecht desistirem do leilão da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, previsto para o próximo dia 20.

A decisão foi tomada após um estudo rigoroso das condições do edital e das respostas que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) divulgou na terça-feira a indagações feitas pelos técnicos das duas construtoras.

Na prática, a desistência deu-se quando o consórcio não aderiu ao cadastramento da Eletronorte, cujo prazo venceu ontem às 17h. Segundo as normas da licitação, os consórcios poderiam associar-se a empresas do grupo Eletrobras para participarem do pleito. Dado o tamanho do empreendimento, Camargo e Odebrecht só entrariam na disputa com a participação da Eletronorte.

Na hipótese de apenas um consórcio participar da disputa, ficará extremamente comprometido o ambiente de competição que a ex-ministra da Casa Civil e virtual candidata ao Planalto, Dilma Rousseff, deseja dar à construção da terceira maior hidrelétrica do mundo (depois de Três Gargantas, na China, e Itaipu).

Folha de São Paulo