Mesmo estando no início, o mês de abril de 2010, em São Paulo e no Rio de Janeiro, atingiu marcas históricas de chuvas, de acordo com o banco de dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Na cidade do Rio de Janeiro, as precipitações somaram 223 mm (cada milímetro equivale a um litro de água por metro quadrado) desde o dia 1º. Na região central, entre segunda-feira e terça-feira (6), choveu 178,5 mm em apenas 24 horas. Em outras estações da cidade, o número foi até superior.

Análises preliminares mostram que se trata da maior chuva medida pelo órgão, que iniciou suas coletas no local há mais de 90 anos. O normal é chover em todo mês de abril na cidade em torno de 150 mm.

Na capital paulista, as precipitações chegaram a 93,3 mm neste início de abril. “O normal em São Paulo, para abril, é chover entre 53 mm e 92 mm durante todo o mês”, diz Franco Vilella, meteorologista do Inmet. “Já podemos considerar que o mês é anômalo”, disse.

Os meteorologistas explicam as fortes chuvas sobre o Sudeste a partir de fatores locais, como as frentes frias que vêm da região polar, e também via processos continentais. A Amazônia continua jogando umidade e ar quente para Estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Esse fato também contribuiu para as fortes chuvas de janeiro e fevereiro na capital paulista.

Apesar de a meteorologia apontar para fatos anômalos, que explicam a grande quantidade de chuva no mês, as tragédias humanas, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, são recorrentes.

Para especialistas ouvidos pela Folha, a causa principal dessas situações é o hiato que existe entre conhecimento técnico e gestão política da ocupação do solo –basicamente, há muito mais gente morando nas áreas urbanas do que a natureza poderia comportar.

Folha de São Paulo