As promessas de redução de emissões feitas por 60 países não bastam para limitar o aquecimento global médio a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, segundo um modelo divulgado na terça-feira pelo Programa Ambiental da ONU.

A meta de 2 graus C foi definida por cientistas para tentar evitar os efeitos mais catastróficos da mudança climática.
O novo modelo, feito por nove institutos de pesquisa, estima que as emissões de gases do efeito estufa deveriam ficar entre 40 e 48,3 bilhões de toneladas de CO2 ou equivalente até 2020, e que o valor deveria atingir seu auge entre 2015 e 2021.

Manter essa faixa e cortar as emissões globais de 48 a 72 por cento, entre 2020 e 2050, daria ao mundo uma chance “mediana” (ou “meio a meio”) de respeitar o limite de 2C.

O mesmo estudo, no entanto, prevê que o mundo deve superar essas metas de emissões, assumidas por países signatários do Acordo de Copenhague.

“As emissões esperadas para 2020 variam de 48,8 e 51,2 bilhões de toneladas de CO2-equivalente”, disse o relatório. Ou seja, mesmo no melhor cenário, em que todos os países cumpram suas promessas, o total de emissões ainda estará entre 500 milhões e 8,8 bilhões de toneladas acima do que os cientistas julgam tolerável.

Achim Steiner, diretor-executivo do Programa Ambiental da ONU, disse que a previsão sombria deve motivar os países a fazerem cortes mais ambiciosos.

“A mensagem não é sentar, se resignar e dizer que nunca vamos conseguir”, disse ele a jornalistas em Nusa Dua, na ilha indonésia de Bali, onde participa de um evento ambiental da ONU.

Segundo Steiner, há “outras opções que podem ser mobilizadas”, entre as quais a chamada Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd), em que países pobres recebem dinheiro para preservar e ampliar suas florestas.
O Livro Anual do Programa Ambiental da ONU, também divulgado na terça-feira, se soma à defesa do Redd.

“Estima-se que colocar 22 a 29 bilhões de dólares no Redd reduziria o desmatamento global em 25 por cento até 2015”, disse o documento.

As florestas absorvem enormes quantidades de carbono, mas liberam esse material quando são derrubadas ou queimadas.
O Redd ainda não é parte do amplo tratado climático que a ONU pretende definir até o final do ano.

Reuters