A 87 dias da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Copenhague, os Ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, Dinamarca, França, Finlândia e Suécia divulgaram uma carta conjunta para imprensa onde apresentam alguns objetivos comuns desses países a serem defendidos como desafios coletivos. Na carta, os ministros afirmam que a “União Européia deve mostrar uma liderança renovada para destravar as negociações e dar apoio tecnológico para ajudar os países em desenvolvimento a caminhar em direção a uma economia de baixo carbono”.

A informação está disponível no Act On Copenhagen, que reúne informações sobre as atividades preparatórias que vem sendo realizadas em todo o mundo, além das propostas do Reino Unido. O Brasil aparece com destaque devido a sua importância no cenário global de mudanças climáticas e seu peso nas discursos em torno de um acordo global pós-2012.

Íntegra da carta divulgada pelos ministros
Faltam apenas 87 dias para a Conferência de Copenhague. Um enorme desafio diplomático recai sobre nós se queremos garantir um acordo ambicioso, efetivo, justo e razoável para evitar mudanças climáticas fora de controle que teriam consequências desastrosas para a Europa e para o mundo.

Em todo o mundo – e particularmente nos países mais pobres e vulneráveis – o aquecimento global já ameaça prejudicar os esforços para desenvolver a saúde, a agricultura e a infraestrutura. A migração causada pela falta de acesso a água e terras está aumentando a tensão social e minando a estabilidade política e a segurança.

As mudanças climáticas tem o potencial para causar mudanças geopolíticas significativas. Elas vão afetar as decisões de política externa de todos os nossos países. Os ministros das Relações Exteriores europeus precisam dar agora uma contribuição real para garantir um acordo em Copenhague. A União Europeia deve mostrar uma liderança renovada para destravar as negociações, comprometendo-se a tomar ações internas de mitigação ambiciosas, e a financiar e dar apoio tecnológico aos países em desenvolvimento para que caminhem em direção a uma economia de baixo carbono.

Após nos reunirmos em Copenhague no dia 10 de setembro, chegamos a um acordo sobre como lidar com esse desafio diplomático coletivo. Nós faremos o seguinte:

  • Pressionaremos por um acordo ambicioso o suficiente para que o aquecimento global não passe de 2 graus, no máximo,
  • Trabalharemos para promover uma oferta internacional ambiciosa, justa e razoável, na qual a Europa assuma a sua parte no financiamento da mitigação, da tecnologia e dos esforços de adaptação dos países em desenvolvimento,
  • Cooperaremos pessoalmente para direcionar toda a força dos nossos esforços diplomáticos e para mobilizar os recursos das nossas redes diplomáticas coletivas com o objetivo de persuadir os principais participantes nesta negociação a adotar compromissos ambiciosos,
  • Trabalharemos para garantir que os desafios que a mudança climática impõe para a estabilidade e a segurança internacionais ocupem uma posição de destaque na agenda internacional,
  • Trabalharemos para garantir que a União Europeia continue a mostrar liderança nas negociações, com a prontidão de mover a atual meta de redução de emissão de carbono de 20% até 2020 para 30%, num contexto de um acordo ambicioso e de esforços de mesma magnitude por parte dos outros parceiros.

Por meio dessa forte mensagem sobre o financiamento para a mitigação, a adaptação e a tecnologia, nós contribuiremos para um pacto que coloque todos os países no mesmo barco, o que garantirá um acordo ambicioso em Copenhague.

A Conferência de Copenhague não conseguirá garantir um novo regime internacional para combater a mudança climática a não ser que encontremos um balanço político entre todas as partes. Devemos criar confiança mútua, e confirmar que apenas o modelo do crescimento global sustentável pode transformar as nossas economias para que sejam de baixa emissão de carbono. Podemos dizer que esta é a grande causa da Europa no século XXI.

David Miliband, Ministro das Relações Exteriores, Reino Unido
Carl Bildt, Ministro das Relações Exteriores, Suécia
Per Stig Moller, Ministro das Relações Exteriores, Dinamarca
Bernard Kouchner, Ministro das Relações Exteriores, França
Alexander Stubb, Ministro das Relações Exteriores, Finlândia
Miguel Ángel Moratinos, Ministro das Relações Exteriores, Espanha