O Brasil acerta os detalhes finais para levar o programa Mais Alimentos para outros países. “É um programa que fará bem a todos”, diz Francesco Pierri, do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Os países africanos elevarão a produção de alimentos, sobretudo por meio da agricultura familiar, enquanto as indústrias brasileiras de máquinas e implementos agrícolas terão novos mercados.

É ainda uma questão de geopolítica, favorecendo as relações diplomáticas do Brasil, que tem levado adiante o debate alimentar, diz Pierri.

Ministério e indústrias negociam garantias de pagamento, que será feito por meio de uma “trading”, que fará a ponte com o exterior.

Os produtos a serem exportados têm de ter pelo menos 60% de nacionalização e a negociação de preços está sendo feita entre governo, Anfavea, Abimaq e Simers, entidades ligadas à produção.

Além do financiamento da produção da agricultura familiar, o acordo prevê cooperação e assistência técnica de empresas brasileiras, entre elas a Embrapa.

O Brasil já definiu créditos de US$ 640 milhões para países africanos. Gana (US$ 94,7 milhões) e Zimbábue (US$ 97,5 milhões) já têm parcelas definidas, mas vários outros entraram em contato com o governo brasileiro: Quênia, Namíbia, Moçambique, Tanzânia, Camarões e Sudão.

Outro país que já tem cota definida é Cuba: quatro parcelas de US$ 50 milhões.

Milton Rego, vice-presidente da Anfavea, diz que a expansão do Mais Alimentos é interessante não só porque repassa tecnologia brasileira na produção de alimentos, mas também porque abre caminho de mais países para os produtos brasileiros.

O avanço das exportações é importante principalmente para a indústria brasileira de implementos agrícolas, já que as multinacionais instaladas no Brasil teriam possibilidade de vender a esses mercados de fábricas localizadas em outros países.

André Carioba, vice-presidente da Agco para a América do Sul, destaca que o avanço das exportações levará as empresas a montar uma infraestrutura de serviços e de distribuição nesses países.

Dependendo da demanda, as empresas brasileiras poderiam montar máquinas e implementos nesses países com peças saídas do Brasil.

Melhores Os estoques de algodão aumentam na safra 2011/12 e devem atender 176 dias de consumo -144 em 2010/11. Isso se deve à grande produção na Ásia e à expectativa de repetição do bom desempenho de produção no Brasil.

Sem recuo A boa notícia, segundo a AgRural, de Curitiba, é que não há recuo na estimativa de importação da China, mantida em 3,05 milhões de toneladas. Nas mais recentes estimativas, o Departamento de Agricultura dos EUA vinha indicando queda.

Em alta A crise financeira na região do euro continua provocando altas e baixas nas commodities. O café, devido à demanda das indústrias, termina a semana em alta, segundo analistas do Escritório Carvalhaes, de Santos.

Etanol O hidratado subiu 0,8% nesta semana na porta das usinas paulistas, segundo o Cepea. O litro foi a R$ 1,2824, sem impostos. Já o anidro ficou estável, em R$ 1,3819. Nos postos de São Paulo não houve alteração de preço.

Com KARLA DOMINGUES

fonte: folha de sp