No Brasil, aproximadamente 500.000 casos de malária são registrados todo ano, sendo 99% destes na região amazônica que apresenta altas taxas de desmatamento. Até agora era difícil encontrar a ligação entre a propagação de doenças epidêmicas e o desmatamento, pela quantidade e complexidade dos fatores envolvidos, porém, cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison completaram sua pesquisa, na qual relacionaram incidências de malária no Acre com imagens de satélite de alta resolução do desmatamento na região.

Os resultados, publicados no artigo “Deforestation and Malaria in Mâncio Lima Country, Brazil” (clique aqui para baixar o artigo) mostram claramente que o aumento nas taxas de desmatamento causam surtos drásticos de malária, possivelmente desencadeando epidemias. A pesquisa encontrou que um aumento de 4% na taxa de desmatamento encontra um aumento de 48% para casos de malária. Em 2006 a área de estudo sofreu, segundo autores, “uma epidemia excepcional”, com pessoas contraindo a doença até quatro vezes por ano.

“A conservação das florestas tropicais pode ser mais benéfica à saúde humana do que se pensava”, aponta Sarah Olson responsável pelo estudo. No caso dessa pesquisa, dados do Ministério do Meio Ambiente que focavam o monitoramento da malária e o mapeamento espacial da saúde nos distritos da Amazônia, ajudaram a provar as associações ecológicas entre os altos índices de malária e de desmatamento: a paisagem desmatada apresenta clareiras e reservatórios de água expostos à luz, que constituem ambiente perfeito para reprodução do vetor transmissor da doença, o mosquito Anopheles Darlingi, também conhecido por deslocar outras espécies de mosquitos que preferem o ambiente florestal e não são propensos a transmitirem a doença.

Olson ressalta que “evidenciar o desmatamento como um risco principal nos mostra que devemos também olhar para o potencial dos fatores socioeconômicos”. Pobreza e demografia também são importantes na análise de distribuição e propagação da malaria. A pesquisa feita por Burton Singer e Marcia Castro aponta que a falta de informação e vulnerabilidade das pessoas que migram para áreas desmatadas aumenta a propensão dos riscos de disseminação da doença apenas iniciados pelo desmatamento.

O Eco