foto5

Exemplo de aroeira. Foto: Divulgação/Rio Rural

Entidades do setor agrícola estão mobilizadas para apoiar a coleta do fruto da aroeira, que tem grande potencial comercial
Pouca gente sabe, mas é da aroeira, planta nativa da Mata Atlântica brasileira, que vem a pimenta rosa, condimento de grande prestígio nas cozinhas de chefs renomados da gastronomia nacional e internacional. Por sua ocorrência natural, a aroeira é uma fonte de renda disponível em todo o litoral brasileiro, pelo alto valor agregado de seu fruto, que também pod

foto-3

O diretor do Instituto Ecoengenho, José Roberto da Fonseca, de Alagoas, visitou algumas áreas da Região dos Lagos e orientou sobre o manejo adequado da aroeira. Foto: Divulgação/Rio Rural

e ser utilizado na extração de óleos essenciais.
No Rio de Janeiro, o potencial de exploração da pimenta rosa é muito grande. Em 2016, somente uma empresa do ramo comprou cerca de 100 toneladas do fruto da aroeira na Região dos Lagos, a um preço médio de R$ 4,00 o quilo. O dado é confirmado por Oduvaldo de Oliveira, engenheiro agrônomo da Emater-Rio, que desde o final da década de 1990 vem acompanhando a coleta da pimenta rosa na região.
Segundo ele, a atividade de extração da aroeira ainda pode crescer muito. “A extração já existe e, mesmo sem regulamentação, movimenta de forma intensa a economia da região nos meses de maio a julho, que registram os picos de produção. Mas ainda é preciso auxiliar os produtores na regularização da atividade”, informou Oliveira.
Para discutir a regulamentação e o manejo da aroeira na extração da pimenta rosa, foi realizado no último dia 20 de outubro, em São Pedro da Aldeia, um encontro que reuniu cerca de 80 produtores da Região dos Lagos. O evento, promovido pela Emater-Rio e pelo Rio Rural, programa da Secretaria estadual de Agricultura, foi a primeira ação de um grupo de trabalho integrado por diversas entidades interessadas em estudar e apoiar a produção sustentável de pimenta rosa, tais como Ministério da Agricultura, INEA, Emater-Rio e IFRJ (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro).

foto4

Evento reuniu cerca de 80 produtores da Região dos Lagos interessados na coleta da pimenta rosa. Foto: Verônica Lima/Rio Rural

Segundo a presidente da Emater-Rio, Stella Romanos, a metodologia do Rio Rural responde adequadamente às necessidades atuais dos coletores de pimenta rosa no Rio de Janeiro. Executado pela Emater-Rio no estado, o programa fomenta as potencialidades locais, garantindo a autogestão dos recursos investidos pela própria comunidade, e incentiva práticas sustentáveis e de geração de renda, com contrapartidas de preservação ambiental por parte do produtor. “A aroeira já é uma importante fonte de renda para o agricultor local e, por meio do programa, poderemos regularizar e organizar a atividade de maneira sustentável”, destacou a presidente, que no evento também representou o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo.
Atualmente, a norma que regulamenta a atividade extrativista é a Resolução n° 134/2016 do INEA (Instituto Estadual do Ambiente), que estabelece critérios e procedimentos para implantação, manejo e exploração de sistemas agroflorestais no estado. A regra ainda não inclui as especificidades do manejo da aroeira, mas segundo Flávio Valente, representante do INEA, a intenção é criar um anexo à norma específico sobre a aroeira. “Nossa intenção é dar legalidade às práticas que já existem, e não afastar os coletores da regularização. Vamos agregar as especificidades da atividade à nossa norma para poder facilitar ainda mais sua aplicabilidade e garantir a segurança jurídica dos produtores”, explicou.
O produtor rural Edmar de Oliveira Pinto já vislumbra melhorias a partir do evento. “Antes a gente não tinha conhecimento e cortava a aroeira de qualquer maneira. Agora fomos instruídos para fazer melhor e garantir essa renda a mais”, relatou. Ele mora no assentamento Ademar Moreira, em São Pedro da Aldeia, onde vivem cerca 35 famílias, que extraem a pimenta rosa na reserva ambiental existente no local. A comunidade foi escolhida para a criação de um plano piloto de manejo, que vai contribuir para a regularização da atividade.
Exemplo de sucesso

foto-2

O produtor Edmar de Oliveira Pinto, morador do assentamento Ademar Moreira, observa as aroeiras da comunidade. Foto: Divulgação/Rio Rural


O otimismo do produtor Edmar Pinto também foi influenciado pelo caso de sucesso apresentado no encontro pelo diretor do Instituto Ecoengenho, José Roberto da Fonseca, de Alagoas. Um projeto com a aroeira vem conquistando resultados expressivos na erradicação da pobreza na zona rural alagoana. Lá, o manejo adequado da planta e o beneficiamento dos frutos fazem com que a média de preço varie de R$30,00 a R$160,00 o quilo, dependendo da apresentação do fruto.
“No Brasil o consumo da pimenta rosa ainda está começando a se intensificar, principalmente na culinária gourmet. Mas o mercado interno ainda é pequeno diante do potencial produtivo que temos. Apoiando os produtores, como está ocorrendo aqui no Rio, para termos um fruto de melhor qualidade, além de conseguirmos elevar o preço, abrimos perspectivas de exportação. Tem tudo para dar certo”, finalizou Fonseca.