A febre dos realities vai ganhar neste ano uma abordagem rural em um cenário nada bucólico: colheitadeiras e tratores guiados por GPS, correção de solo orientada por satélite, defensivos químicos de última geração e sementes aprimoradas pelas mais avançadas técnicas de engenharia genética.

É neste ambiente de última geração que 20 estudantes de agronomia serão filmados enquanto tentarão, juntamente com seus professores e pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), levar adiante lavouras de soja em Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Os melhores ganharão estágios em grandes empresas do setor.

O projeto “Lavouras do Brasil”, uma produção do Canal Rural, será lançado neste mês e irá gerar conteúdo para oito programas da grade fixa, além de um especial de 30 minutos por mês e flashes na programação. Na internet, uma página transmitirá em tempo real imagens do plantio à colheita.

Serão ao menos oito meses de transmissão ininterrupta. O gerente de programação do canal, Júlio Cargnino, diz que, ao contrário dos programas do gênero, o reality show da soja não terá como objetivo o entretenimento. “O nosso foco será técnico. Queremos que o programa funcione como um serviço ao produtor”, diz.

Nesta semana, começou a coleta de amostras para análise do solo em Mato Grosso. A Folha acompanhou o trabalho. Vinícius Rivelini, 23, se diz “preparado” para enfrentar as câmeras e mostrar o que aprendeu em quase quatro anos de curso na UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso). “Vou lidar com algo que conheço. Só acho que a minha voz não é muito boa.”

O estudante avaliou como “única” a chance de demonstrar capacidade diante de sua futura clientela. “Vamos falar diretamente aos produtores. Então, não pode existir nem a hipótese de algo dar errado.”

Rodrigo Vargas
Folha de São Paulo