Juan voltava para casa acompanhado do irmão, que também levou tiros e está sob a guarda do serviço de proteção à testemunha. Jovem que passava pelo local disse à TV Globo que viu o menino cair

Manifestação no Rio de Janeiro pede notícias do menino Juan e de outros desaparecidos (Roberto Moreyra)

A chefe de Polícia Civil do Rio, Martha Rocha, confirmou nesta desta quarta-feira que está morto o menino Juan, de 11 anos, desaparecido desde o dia 20 de junho. Nessa data houve uma operação policial na favela Danon, em Nova Iguaçu, onde ele vivia com a família. Juan, o irmão dele, Wesley, de 14 anos, e o jovem Wanderson dos Santos de Assis, de 19, viram-se no meio do fogo cruzado. Os dois jovens foram atingidos e correram para buscar socorro. Na volta, não encontraram Juan. Desde então, a família procurava pelo menino, com apoio da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e de ONGs que promoveram manifestações para cobrar explicações da polícia.

Na semana passada, o corpo de Juan foi encontrado, mas a perícia informou que era o corpo de uma menina. O erro foi descoberto após dois exames de DNA. “Não há a menor sombra de dúvida de que se trata do menino Juan”, disse Sergio Henriques, diretor de polícia técnica, durante a coletiva. “A perita se precipitou, e vai responder a uma sindicância”. Martha Rocha anunciou dois procedimentos foram instaurados. Um para analisar o parecer da perita responsável pelo laudo e outro para averiguar as providência que deveriam ter sido tomadas pela 56ª DP, cujo titular foi afastado.

Desde o início do caso, os quatro policiais militares que participaram da operação foram afastados. Eles foram ouvidos durante 15 horas na divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, junto com outros sete policiais que estavam em um raio de dois quilômetros da Favela Danon. O depoimento terminou no início desta tarde. Os PMs afirmam que não viram o menino em nenhum momento, mas Wanderson disse ao Fantástico, por telefone, que viu o momento em que Juan foi baleado. Ele e Wesley estão sob a guarda do serviço de proteção à testemunha.

Dois dos PMs afastados já estiveram envolvidos em situações em que o suspeito é morto em confronto com a polícia. Um cabo esteve envolvido em autos de resistência oito vezes e o outro 13 vezes. Os quatro policiais participarão da reconstituição da operação que acontecerá na sexta-feira pela manhã.

 

Fonte: VEJA