O professor Leonardo Boff não poupa críticas aos atuais valores éticos que norteiam as sociedades modernas. Durante o 14º Congresso de Direito Ambiental dos Países de Língua Portuguesa e Espanhola, realizado na segunda-feira, dia 24, em São Paulo, Boff afirmou que o mundo precisa definir o rumo que o planeta vai traçar em direção ao futuro.

“Chegamos a um momento da história em que mais do que nunca devemos colocar de forma radical a questão ética, que é mais do que princípios e valores e sim um conjunto de ensaios que os seres humanos fazem buscando o bem comum de todos, de toda comunidade viva. Porque não estamos sozinhos, não somos os únicos a usar a biosfera. Nós que pensamos somos os responsáveis por esse cuidado”, disse o professor em seu discurso.

Boff alertou que o mundo chegou a um limite extremo da intervenção do ser humano na natureza no qual alguns passos a mais poderão levar a uma catástrofe ecológica. “Ou nós fazemos uma aliança global para cuidarmos uns dos outros e juntos cuidarmos da Terra, ou então corremos o risco da nossa própria destruição e da devastação da diversidade”, completou.

Na avaliação de Leonardo Boff, são necessários quatro princípios fundamentais para fundar a nova ética que recupere e preserve a Terra e a vida no planeta:

– Resgate da razão com a cordialidade e a afetividade, porque quando o ser humano se envolve afetivamente começa a repensar suas atitudes.
– O Cuidado, já que tudo o que cuidamos dura bastante tempo e sana as feridas existentes e previne feridas futuras.
– A Cooperação, diferente da lógica da economia e de mercado que é a competição.
– A Responsabilidade. Na opinião de Leonardo Boff, a Terra já ultrapassou sua capacidade de autorregeneração em 30% e o ser humano está consumindo hoje o que deveria consumir amanhã.
Para o professor, sozinho o planeta tem condições de recuperar o que já perdeu e encontrar o equilíbrio que seja favorável à vida. “Diante desse cenário dramático que vemos todos os dias, temos duas atitudes: uma de tragédia que termina mal e outra é de crise civilizacional que vai causar muito sofrimento porque muito fizemos contra a Mãe Terra, mas ela é generosa e continuamente nos acolhe e nos trata como filhos queridos, mesmo que ingratos. Nós vamos superar essa crise”, disse.

EcoDesenvolvimento