Presidente municipal da legenda afirma que não há motivação legal para a debandada de seis vereadores

Dissidentes, no entanto, afirmam que foram alvo de discriminação em recente reunião do diretório do partido

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO

O PSDB paulistano pedirá à Justiça a cassação dos mandatos dos vereadores que deixaram a sigla esta semana -ontem, o número de dissidentes chegou a seis.
Para o novo presidente do diretório municipal do PSDB, o secretário estadual de Gestão, Julio Semeghini, não há motivação legal para a dissidência do grupo.
“Isso será discutido pela nova Executiva, mas tenho o compromisso de tentar retomar todas as vagas”, disse.
Ontem, o vereador Souza Santos somou-se aos outros cinco dissidentes -José Police Neto (presidente da Câmara Municipal), Dalton Silvano, Juscelino Gadelha, Gilberto Natalini e Ricardo Teixeira- que deixaram o partido na última segunda-feira.
Cientes de que o PSDB poderia questionar judicialmente a debandada, os vereadores alegam que foram discriminados pela nova cúpula do diretório municipal.
Resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que trata da infidelidade partidária diz que a mudança de partido é legítima quando há “discriminação pessoal”.
Como “prova”, os vereadores guardam vídeos de reuniões com dirigentes da legenda. “Disseram que vereador tinha que ser tratado à pexeirada”, contou Natalini.
Semeghini minimiza as imagens, e diz que elas expressam opiniões “pessoais” de membros da legenda. “Não houve um posicionamento partidário. Eles estão buscando um elemento para justificar a saída”, afirmou.
Todos os vereadores que deixaram a sigla são aliados do prefeito Gilberto Kassab. Ele fundará uma novo partido, o PSD, com vistas a fazer seu sucessor na Prefeitura e disputar as eleições ao governo do Estado em 2014.
O apoio dos vereadores a Kassab e consequente desgaste com aliados de Alckmin, no entanto, data de 2008. Na época, com o apoio dos vereadores e do então governador José Serra, o prefeito derrotou Alckmin na disputa pela Prefeitura.
O endurecimento do discurso é um sinal para outros vereadores que pensam em deixar a legenda. Pelo menos outros quatro são estimulados a sair. “Lamento as perdas tivemos. Estou trabalhando para evitar que mais vereadores deixem o partido”, disse o líder da bancada na Câmara, Floriano Pesaro.