Por Aluísio Alves

SÃO PAULO, 27 de julho (Reuters) – O desempenho do segundo trimestre no Brasil brilhou dentro do grupo Santander, mas não foi suficiente para agradar o mercado, devido à persistente fraqueza ante os principais concorrentes locais.

O Santander Brasil reportou nesta quarta-feira que teve lucro líquido de 2,08 bilhões de reais no período, montante 18 por cento maior ante igual período de 2010. O número veio acima da média das previsões de oito analistas ouvidos pela Reuters, que apontava 1,79 bilhão de reais.

Dentro do conglomerado, o número se sobressaiu. Mais cedo, a matriz espanhola anunciou queda de 21 por cento no lucro do primeiro semestre, abaixo da expectativa de analistas, em meio aos fracos resultados do banco na atribulada Europa.

“O Brasil está numa posição privilegiada mundialmente”, disse o presidente-executivo do banco, Marcial Portela, que assumiu o posto no começo deste ano.

Investidores, no entanto, não gostaram da nova rodada de números mais fracos que os da concorrência na comparação com os players domésticos. Às 14h48, a unit da instituição recuava 4,74 por cento, a 15,06 reais. No mesmo instante, o Ibovespa caía 1,14 por cento.

Pelo padrão contábil brasileiro, a carteira de crédito do banco ficou em 175,8 bilhões de reais no fim de junho, um avanço de 16,6 por cento em 12 meses. Os destaques foram os financiamentos para pequenas e médias empresas, que cresceram 27,2 por cento na comparação anual.

Segundo o Banco Central informou também nesta quarta-feira, a expansão dos financiamentos no Brasil foi de 20 por cento no período de 12 meses concluído em junho.

“A carteira de financiamentos do Santander cresceu menos que seus concorrentes e mostrou uma deterioração na qualidade de crédito”, disseram analistas do Bradesco BBI, em relatório.

No caso da inadimplência, medida pelo saldo de operações vencidas com prazo superior a 90 dias, o índice do Santander subiu de 4 para 4,3 por cento na passagem do primeiro para o segundo trimestre. A previsão do banco é de que esse número se estabilize nos próximos trimestres.

O Bradesco, que também apresentou seus números do segundo trimestre nesta manhã, teve índice de 3,7 por cento, ante 3,6 por cento no final de março.

Logo, as despesas do Santander com provisões para perdas esperadas com calotes totalizaram 2,3 bilhões de reais, um aumento de 11,8 por cento sobre o trimestre imediatamente anterior.

A rentabilidade sobre patrimônio líquido da instituição, segundo o padrão IFRS (internacional) ficou em 11,2 por cento, estável ante o primeiro quarto do ano.

No final de junho, os ativos totais do grupo eram de 406,87 bilhões de reais, evoluindo 17,2 por cento em 12 meses.

PACIÊNCIA

Um dos bancos mais conservadores na concessão de crédito desde o advento da crise global de 2008, o Santander Brasil vem perdendo espaço para seus principais concorrentes. No ano passado, perdeu para a Caixa Econômica Federal o posto de quarto maior no país por ativos.

Segundo Portela, o Santander está confortável com o ritmo de sua expansão nos financiamentos, embora saiba que os números não vêm agradando os investidores.

“O banco tem performado abaixo de seus concorrentes, isso é um dado”, disse Portela. “Mas, se o investidor for paciente, vai recuperar um valor importantíssimo”, disse ele.

Desde que estreou na Bovespa, em outubro de 2009, com uma oferta inicial de 14 bilhões de reais, o banco viu sua unit acumular perda de 35,8 por cento.

(Edição de Vivian Pereira)

 

Fonte: VEJA