Microsoft, Google, Twitter e LinkedIn disputam uma fatia dos US$ 480 bi investidos ao ano em comunicação no mundo. Executivos de redes sociais da internet vão ao festival de publicidade para vender o uso criativo da web como ferramenta de negócio.

Não houve, até hoje, convenção de tecnologia que conseguisse reunir tantos nomes importantes do mundo digital, como ocorreu neste ano no Festival Internacional de Publicidade de Cannes. Entre eles, estão os principais executivos de empresas já tradicionais, como Microsoft e Google, e outras que são febres recentes da rede, como LinkedIn e Twitter.

Concorrentes ferozes e novos atores, como Steve Ballmer, presidente da Microsoft, Eric Schmit, presidente do Google, Biz Stoner, cofundador do Twitter, e Kevin Eyres, diretor do LinkedIn, compareceram à cidade francesa para vender seu peixe àqueles que ajudam a decidir em quais áreas serão gastos os US$ 480 bilhões investidos ao ano em comunicação no mundo, segundo a PricewaterhouseCoopers. Nenhum se fez de rogado.

“As empresas estão aumentando seu valor ao usar o Twitter”, diz Stoner, que lotou ontem o anfiteatro do festival e foi ovacionado pelos publicitários, muitos deles usuários iniciais de novas tecnologias, que não esconderam a tietagem.

Criada há dois anos, a rede gratuita de comunicação nasceu para que amigos pudessem dizer, em poucas palavras, onde estavam e o que faziam, sem a necessidade de estarem conectados a um computador. Tweet, em inglês, são os sons emitidos por pássaros. “Criamos algo simples, que permite, num olhar, saber o que as pessoas estão fazendo para que possam se mover juntas, como pássaros”, diz Stoner.

A ferramenta também vem sendo usada como fonte primária de notícias, como no conflito do Irã ou em diversos protestos mundo afora.

Segundo Stoner, num terremoto recente foram postados 36 mil “tweets” durante os nove minutos entre o início do tremor e o primeiro site de notícias publicar a informação.

As empresas, por sua vez, perceberam que podem seguir seus clientes pelo Twitter. Assim que um usuário informa, por exemplo, que está entrando num avião da Jet Blue, a companhia aérea entra em contato com ele dando ou pedindo informações. “Há uma padaria que fala das fornadas quentinhas e um fabricante de torta que aumentou suas vendas de 15% a 20% quando seus clientes passaram a saber qual era o sabor do dia”, diz Stoner.

Além de começar a ter receita com as buscas, o Twitter pensa em cobrar uma taxa pelo uso que empresas como PepsiCo e Starbucks fazem do serviço. Ou mesmo por algumas fotos postadas. “A criatividade é um recurso renovável, e é possível experimentar novos usos para o Twitter”, afirma Stoner.

A comunidade de relacionamento profissional LinkedIn já cobra de empresas que queiram ter acesso a sua rede. A Microsoft, por exemplo, paga para que um gerente especializado em softwares a pequenos empreendedores venda-os na comunidade virtual.

“Esse é um serviço no qual pessoas falam para outras pessoas e, nesse tipo de relacionamento, o retorno é muito mais eficiente”, vendeu Eyres, durante seminário no domingo.

De acordo com ele, todas as pessoas tornaram-se empreendedores e têm de cuidar de sua própria imagem on-line. “As empresas também estão sujeitas a maior transparência, e várias têm políticas sobre como seus funcionários devem se portar nos espaços públicos da rede”, diz Eyres.

Ballmer, da Microsoft, falará aos publicitários amanhã, e Schmidt, do Google, na quinta.

Cristiane Barbieri
Folha de São Paulo