Um novo buraco no leito marinho é uma hipótese que preocupa os responsáveis pelas operações de contenção do vazamento de petróleo no golfo do México.

Isso poderia ocorrer devido à enorme pressão causada pela interrupção do fluxo de petróleo.

Os testes para a nova peça, originalmente marcados para esta terça-feira (13), precisam ser feitos com muito cuidado, para evitar o agravamento do pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.

Deste modo, autoridades norte-americanas decidiram rever os procedimentos para assegurar que o teste de integridade do poço era seguro e estaria adequadamente montado.

O teste foi adiado, a princípio por 24 horas, porque, segundo explicou o vice-presidente da BP, Kent Wells, aos jornalistas, é “muito importante” e todos querem se assegurar de que este seria “o melhor procedimento possível”.

No entanto, não há mais detalhes sobre a próxima decisão. Afirmava-se que seria quando houver “clareza absoluta de que este é o teste apropriado”.

O site da BP divulgou que um novo pronunciamento com o vice-presidente da empresa seria realizado nesta quarta-feira (14), às 15h locais (18h em Brasília).

Enquanto isso, engenheiros analisam todas as leituras de pressão e se preparam para fechar três válvulas do gigantesco funil de 75 toneladas que foi posicionado sobre o duto danificado na segunda-feira (12).

Assim que as válvulas forem fechadas, nem uma gota de petróleo seria liberada no mar do Golfo pela primeira vez desde que a plataforma “Deepwater Horizon” afundou, há mais de 80 dias.

Resposta do governo

Em um sinal dos grandes riscos envolvidos na operação, o oficial americano encarregado da resposta ao desastre, o almirante da Guarda Costeira Thad Allen, atrasou o teste depois de se reunir, na terça-feira, com o Secretário de Energia Steven Chu, ganhador do Nobel de Física, e com outros especialistas.

Ele também ordenou que fosse suspensa preventivamente a perfuração de um poço auxiliar situado a apenas 1,2 metro de distância do danificado até que o teste de integridade fosse concluído.

O dispositivo da BP, que contém três válvulas gigantes, foi baixado na segunda-feira e acoplado ao duto rompido quase 1,6 km abaixo do nível do mar, onde apenas robôs submarinos conseguem trabalhar.

Procedimento

Assim que receberem o sinal verde, os engenheiros da BP vão, gradualmente, fechar as válvulas para interromper o vazamento, em uma operação que deve demorar entre 6 e 48 horas.

Durante este período, restará aos engenheiros cruzar os dedos para que sejam feitas leituras de alta pressão, as quais demonstrariam a inexistência de vazamento no poço.

Se estas leituras forem prolongadas e durarem 48 horas ou talvez mais, as autoridades devem decidir manter as válvulas fechadas, selando o poço de uma vez por todas.

Allen explicou que se as leituras se situarem entre 8.000 e 9.000 psi, segundo a medida de pressão do sistema anglo-americano (entre 551,58 e 620,53 Bar, aproximadamente), isto indicaria que o poço está seguro.

Uma baixa pressão, ao contrário, indicaria que o petróleo está saindo pelo invólucro externo do poço, forçando a reabertura imediata das válvulas para reduzir o risco de maiores danos ao poço ou até mesmo um novo vazamento no leito marinho.

Embora operações de contenção tenham que ser aplicadas neste ponto, as autoridades afirmam que o novo dispositivo dá a eles a habilidade de capturar todo o petróleo liberado em questão de dias.

Os moradores do Golfo têm visto o equivalente a 35.000 a 60.000 barris de petróleo por dia serem liberados no mar desde que uma explosão destruiu a plataforma da BP, em frente à costa da Luisiana, em abril.

Estima-se que desde então, de dois a quatro milhões de barris de petróleo tenham sido liberados no mar desde que a “Deep Horizon” afundou, em 22 de abril, dois dias depois de uma explosão que matou 11 trabalhadores.

Bolas de alcatrão e manchas de petróleo têm aparecido nos cinco Estados do Golfo, do Texas à Flórida, prejudicando a pesca e comprometendo o turismo, dois setores-chave para a economia local.

A tragédia no Golfo já custou à BP US$ 3,5 bilhões e as indenizações podem superar em 10 vezes este valor.

FSP