Em seu último dia como presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra anunciou que o lucro da subsidiária da Petrobras encolheu 1,4% no primeiro semestre ante igual período do ano passado, fechando em R$ 661 milhões.

Dutra está deixando a BR Distribuidora para se candidatar à presidência do PT, depois de quase dois anos no cargo. A candidatura tem apoio do presidente Lula. A eleição será realizada em novembro. A queda no lucro foi atribuída por ele à menor venda de diesel e óleo combustível ao setor industrial, que sofreu impacto direto da crise.

Também pesou, segundo Dutra, o fato de o sistema elétrico nacional ter sido abastecido, neste ano, com bastante energia das hidrelétricas, cujos reservatórios estavam cheios. Isso tornou desnecessário o acionamento de usinas térmicas (muitas delas, movidas a óleo combustível) para economizar água, o que tinha ocorrido no ano passado.

O crescimento nas vendas de etanol, devido ao aumento da frota de veículos bicombustíveis (flex), acabou contribuindo também para a queda no lucro, segundo Dutra. “Vendemos menos combustíveis de margens de lucro elevadas, como o óleo e o diesel, e mais combustível de margem baixa, que é o etanol. O maior volume de um não compensou a queda do outro.”

As vendas da BR cresceram 9,4%. Essa expansão corresponde praticamente ao ganho de mercado proporcionado pela compra da rede Alvo, que reunia os postos de Norte e Nordeste da Ipiranga. Com a compra, a participação da BR no mercado de distribuição de combustíveis passou de 35,2% para 38,4%. Tirando o impacto da compra da rede, as vendas ficaram estacionadas.

Dutra procurou ressaltar os ganhos decorrentes do corte de custos. Segundo ele, sob sua gestão, os gastos com custeio caíram de R$ 0,064 por litro para R$ 0,056 por litro. “Isso não é mérito meu, mas da BR.” Dutra se disse “um pouco triste” por deixar a BR Distribuidora e anunciou que, em paralelo à presidência do partido, concorrerá ao cargo de deputado federal por Sergipe -e não de senador, função que ocupou entre 1995 e 2002 e para a qual tentou voltar, mas não conseguiu, em 2006.

Questionado se “queria ficar longe do Senado”, negou. “Os problemas do Senado são localizados.” Ele diz não ver problemas em conciliar a candidatura com a presidência do PT durante o processo de eleição presidencial. “Outros ex-presidentes do partido fizeram o mesmo, como Dirceu, Genoino.” Afirmou, ainda, que deixará a BR por uma “instituição com receita menor, alavancagem menor e salário, ó…”.

Samantha Lima
Folha de São Paulo