Juntar o poder da comunicação e a criatividade dos principais publicitários e anunciantes do mundo para pressionar os líderes globais. Essa foi a proposta feita ontem pelo Nobel da Paz Kofi Annan, pelo músico Bob Geldof e por outras personalidades no lançamento da campanha “tck tck tck Tempo de Justiça para o Clima”, no Festival Internacional de Publicidade de Cannes.

A campanha visa criar um movimento global para que sejam tomadas medidas eficientes para a redução da emissão de carbono e do aquecimento global, durante a reunião que substituirá o Protocolo de Kyoto, a ser realizada em Copenhague, em dezembro.

“Vocês são as pessoas que influenciam outras pessoas a tomar decisões de consumo, a mudar de um produto para o outro”, afirmou Annan.

Além de contar com sugestões dos próprios publicitários, a campanha envolve diversas iniciativas. Numa delas, agências e empresas poderão colocar em seus próprios anúncios o logotipo da campanha. Gratuito, está disponível na página da internet timeforclimate justice.org. A BrasilPrev pediu à sua agência para usá-lo na campanha que será lançada domingo.

Quem quiser participar do movimento poderá baixar a canção “Beds Are Burning”, reescrita pela banda Midnight Oil para a campanha. Nos moldes de “We Are the World”, do movimento USA for Africa, a música está sendo regravada por vários artistas e estará disponível em setembro, no mesmo site. Cada download contará como uma assinatura, numa petição digital pelo tema.

Também há a possibilidade de gravar o tique-taque do relógio, que a campanha tenta reproduzir com o “tck tck tck”, no site. A ideia é mostrar que o tempo que as pessoas têm para mudar a situação de risco é curto. Há ainda braceletes e cordões, vendidos como forma de apoio ao movimento.

“Existe uma grande relação entre os países desenvolvidos e o aumento da pobreza causada pelas mudanças climáticas”, afirmou Geldof, que lamentou a morte de Michael Jackson, coautor de “We Are the World” com Quincy Jones. “Corremos o sério risco de ver a raça humana desaparecer, Mais importante do que gastar trilhões com a crise financeira é voltar todos os esforços para evitar catástrofes como as que já estamos vivendo.”

Geldof descreveu tragédias que ocorrem na África, onde continua trabalhando. Lembrou que Cannes nem qualquer outro lugar do mundo se salvará com o aumento da temperatura e uma desertificação global. Ao lado de Annan, Geldof foi longamente ovacionado.

Publicitários e clientes pareciam ter gostado da ideia de colocar o movimento em suas campanhas. Entre as empresas que já o adotaram, estão o banco HSBC e a francesa EDF.

Cristiane Barbieri
Enviada Especial a Cannes