7546Por Lygia Haydée

Restos de verduras, cascas de frutas, leite e legumes. Quando esses alimentos não são mais aproveitados na sua casa, o destino é o lixo? Segundo estatísticas, 30% a 40% de todos os alimentos produzidos no Brasil são perdidos entre a colheita, o armazenamento, transporte e o consumo. Em um mundo onde o desperdício é cada vez mais intolerado, a prática da compostagem vem ganhando adeptos.

O método consiste em transformar restos de alimentos em adubo, que pode ser usado, por exemplo, em uma horta doméstica ou mesmo nas plantas do seu jardim.

“A compostagem é um processo biológico e aeróbio em que microorganismos como bactérias e fungos e macroorganismos como minhocas, tatus-bola e centopéias são fundamentais para o sucesso”, explica Sabrina Jeha, herborista da Sabor de Fazenda Ervas e Temperos.

“Fazer compostagem doméstica é um passo significativo para a sustentabilidade, já que evita desperdiçar um recurso perfeitamente reutilizável. Ao apostar nela, ajudamos a quebrar o círculo vicioso do desperdício, além de produzir um adubo de excelente qualidade a um custo baixíssimo”, conta Elaine Maria Costa, administradora e coach.

Investir na prática caseira, no entanto, assusta algumas pessoas. “Pode até parecer algo difícil e que exige muita dedicação, mas não é verdade. Com um pouco de conhecimento, qualquer pessoa pode transformar seus resíduos em adubo”, diz Elaine.

Então, mãos à obra. Veja os cinco passos para ter uma composteira em casa:

1. Avalie o tanto de material que você vai ter

Para que você dê o primeiro passo é preciso, antes, conhecer o fluxo dos resíduos produzidos.

“Isso envolve avaliar onde será instalada a compostagem caseira. Não a deixe muito longe da cozinha, pois você pode cair na tentação de jogar os resíduos no lixo comum. E adote um lixo de pia apenas para os resíduos orgânicos”, recomenda Elaine.

Fique atento, também, à quantidade de resíduos que você gera na sua casa. “Com o auxílio do lixo de pia, ou outro compartimento com tampa, verifique quanto tempo leva para enchê-lo”, afirma a administradora.

Por exemplo, se o seu lixo é de 1,5 litro e leva três dias para estar completo, sua média de geração para um ciclo de 45 dias (tempo médio para os resíduos compostarem) será de 22,5 litros (divida 1,5 por 3 e depois multiplique o resultado por 45). Assim, você vai precisar de locais que comportem 22,5 litros para montar sua compostagem de forma correta.

2. Separe os materiais necessários

Para que você manuseie o composto é preciso ter alguns materiais básicos.

“Use luvas grossas todas as vezes que for mexer na pilha de composto para evitar o contato com algum inseto, aranha, formiga etc. Separe ainda um balde ou caixa plástica com folhas secas, aparas de grama ou folhas de papel picados. E sempre mexa no composto com um garfo de jardinagem”, aconselha Sabrina, da Sabor de Fazenda Ervas e Temperos.

Essas dicas ajudarão, também, a evitar maus cheiros e moscas.

3. Tenha o recipiente certo

É preciso que você tenha um local para colocar o material orgânico. Pode ser um pote, uma lata ou um balde, mas hoje já existem no mercado caixas de três andares que são feitas especialmente para esse processo. O importante é que ela comporte a quantidade de lixo que você gera.

Comece colocando os resíduos orgânicos no recipiente de cima, que deve ter o fundo com pequenos furinhos. É aqui, aliás, que estarão as minhocas. Espere cerca de um mês para que a caixa fique cheia e depois coloque-a no meio do sistema, subindo a caixa que estava no meio para receber os próximos resíduos orgânicos. A última caixa, por sua vez, será responsável por receber o chorume da compostagem, um líquido eliminado pelo material orgânico em decomposição e que é um ótimo fertilizante.

4. Prepare a composteira

Comece com a primeira camada, que deve ser o fundo da composteira, garantindo boa drenagem e aeração à pilha que vai se formar.

“Quanto mais ar tiver na pilha, mais rápido os restos orgânicos são transformados em adubo”, explica a herborista Sabrina. Para que isso ocorra, basta colocar como primeira camada pequenos galhos, folhas e ramos para que o ar circule de baixo para cima.

Em seguida, alimente a pilha diariamente com os restos orgânicos produzidos pela casa.

“É preciso seguir a seguinte proporção: para cada parte de lixo orgânico úmido (cascas de legumes e frutas, cascas de ovo, borra de café, saquinhos de chá) cubra o lixo com o dobro de material orgânico seco (folhas secas, aparas de jardim e poda de grama secas)”, avisa a especialista.

Lembre-se que quanto mais picados estiverem os materiais colocados na composteira, mais rápido será o processo de decomposição.

Feito isso, eleja um dia da semana para revirar o composto e fazer a avaliação do processo. Depois de 30 dias inicie uma nova pilha da mesma maneira, deixando a primeira decompor. “Revire a compostagem a cada 15 dias até que ela fique com aspecto de terra fresca, o que leva de 45 a 90 dias”, diz ela.

5. O que pode e o que não pode ser colocado na pilha?

Segunda Sabrina, restos de frutas e verduras, cascas de ovo, saquinhos de chá, coador, borra de café, folhas frescas e secas do jardim, guardanapos e papel toalha são ótimas opções para fazer adubo. Mas fica como aviso:

“Não use restos de alimentos temperados, carnes e gorduras, chocolates, balas e chicletes, pilhas, plásticos, vidros e metais, fezes de animais domésticos, plantas doentes e papel higiênico. Cascas de frutas cítricas também não são boas escolhas por serem muito bactericidas, matando as bactérias boas, o que retarda o processo. Cebola e alho também devem ser evitados, visto que o processo de fermentação desses alimentos podem causar mal cheiro”.

 

Fonte: Mundo da Sustentabilidade / Exame.