Parecia dia de clássico em Madri. A apresentação de Kaká a seu novo clube bateu todos os recordes no Real Madrid. O meia brasileiro foi recebido por cerca de 50 mil torcedores no Santiago Bernabéu.

Nem nas apresentações dos “galácticos” Figo, Zidane, Be- ckham e Ronaldo, astros da equipe armada no começo da década, o estádio recebeu tanta gente para esse tipo de evento.

Kaká agradou ao iniciar a entrevista coletiva com um espanhol quase perfeito e deixou emocionado até Alfredo Di Stéfano, maior ídolo do clube.

“Nunca vi nada parecido com isso”, afirmou Kaká, 27, que teve um clipe com imagens suas, da infância ao Milan, passando pelo São Paulo, exibido.

Havia tanta gente além do previsto que mais portões do estádio tiveram que ser abertos e mais seguranças foram contratados. O Real Madrid esperava 30 mil pessoas.

Pela primeira vez na história do clube um jogador foi apresentado à noite (20h30 locais, 15h30 de Brasília). A medida foi tomada para que quatro emissoras espanholas pudessem transmitir o evento ao vivo, em horário nobre. Pelo menos 350 jornalistas cobriram a chegada do brasileiro à Espanha. O site do Real Madrid ficou congestionado em boa parte do dia.

“É um dia indescritível, inédito e histórico para mim”, declarou. Em vários momentos, o jogador repetiu que só deixaria o Milan (seu ex-clube) se fosse para jogar no Real Madrid.
A negociação que fez o meia mudar de Milão para Madri custou 65 milhões (R$ 178 milhões). Questionado sobre o valor, o brasileiro não hesitou: “Não sou eu que estipulo. Mas, se eles acharam que foi justo, então foi justo”.

Campeão e melhor jogador da recém-encerrada Copa das Confederações, o meia escolheu a camisa número 8 para vestir nas próximas seis temporadas. O volante argentino Fernando Gago, que a usava, ficará com a 5. “Todo mundo ficou feliz com os números”, disse Jorge Valdano, diretor-geral do clube espanhol.

Kaká foi a primeira grande contratação de Florentino Pérez, magnata da construção civil que no mês passado assumiu a presidência do Real Madrid pela segunda vez.
A primeira foi entre 2000 e 2006, quando armou a primeira “galáxia”, que faturou alto fora de campo e deixou a desejar nos resultados -entre 2003 e 2006, o time viveu o maior jejum de títulos da história.

Por isso mesmo, Kaká fez questão de marcar diferenças com aquele time. “Com a experiência que tenho no futebol, aprendi que apenas talento não é suficiente”, afirmou.
O outro astro contratado por Florentino Pérez foi Cristiano Ronaldo, eleito pela Fifa o melhor do mundo em 2008. O português deixou o Manchester United por 94 milhões (R$ 258 milhões), maior transação da história do futebol.

Kaká, o melhor do mundo em 2007, falou que, ao ser contratado, não sabia das negociações com Cristiano Ronaldo.

“Florentino Pérez me convenceu com um projeto, nunca me falou a respeito de nenhum nome”, afirmou. E prometeu que não haverá problemas com o português, com quem disputou o prêmio de melhor do mundo nos últimos dois anos.

“Somos jogadores totalmente compatíveis dentro de campo”, argumentou o brasileiro. “Não vai ter ciúme ou vaidade. Somos experientes.”

Kaká também citou Casillas, Guti e Raúl, os principais espanhóis da equipe, a quem chamou de “grandes jogadores”.

O salário de Cristiano Ronaldo será de 13 milhões (R$ 35,6 mi) por ano, ante 9 milhões (R$ 24,6 mi) do brasileiro. Na próxima segunda-feira, o português será apresentado no Santiago Bernabéu. Mais recordes devem ser quebrados.

Folha de São Paulo