O presidente do México, Felipe Calderón, defendeu ontem que seu país e o Brasil formem uma aliança. Em visita ao Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras, na Ilha do Fundão, zona norte do Rio, ele disse que “as capacidades de crescimento e desenvolvimento do Brasil e do México estão muito ligadas ao petróleo”.

“Meu interesse, verdadeiramente, é que deixemos pronta uma aliança entre Petrobras e Pemex [estatal mexicana], mas sobretudo de Brasil e México”, disse, em discurso após apresentação do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, sobre a estrutura da estatal e planos de negócios até 2020.

Técnicos das estatais discutem a ampliação do acordo de cooperação técnica de 2005. Inicialmente voltado para exploração e produção, o convênio incluiria biocombustíveis, refino e gestão da indústria.

O México vai iniciar em 2010 um projeto-piloto na cidade de Guadalajara para substituir o aditivo MTBE na gasolina por etanol. A iniciativa prevê aumento gradual de 2% a 10%. O Brasil quer apoiar o projeto. Para o gerente-geral da Petrobras no México, Milton Costa Filho, a Pemex pode auxiliar na exploração da camada do pré-sal. “É a empresa que mais entende de reservatórios carbonatados, que é o pré-sal”.

Calderón disse que a Petrobras é “caso de êxito na indústria petroleira” e que pretende usar sua estrutura corporativa de modelo para a “transformação da indústria do petróleo”. “São de meu interesse as cifras que estão apresentando, o feito de ter alcançado perfuração superior a 10 mil pés no leito marinho, enquanto na Pemex, a maior foi de 3.000 pés.”

A indústria petroleira mexicana acumula resultados ruins. Em quatro anos, a produção diária caiu 600 mil barris (de 3,2 mil barris diários para 2,5 mil). Segundo Calderón, 40% das receitas federal e municipais “dependem do petróleo”.

Calderón chegou à tarde a Brasília, terceira e última escala do giro pelo país, onde participou de jantar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Folha de São Paulo